Luís Marques Mendes manifestou, este domingo, "grande estranheza sobre o silêncio do Governo", sobretudo da ministra da Justiça, em relação à fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, no distrito de Lisboa, e defendeu que Rita Júdice "já devia ter vindo a público dar a cara".
"Não quero dramatizar a situação, mas também não pode ser desvalorizada", começou por referir no seu habitual espaço de comentário, no Jornal da Noite, da SIC.
Afirmando que "a fuga de reclusos de uma cadeia é sempre uma preocupação", o social-democrata defendeu que neste caso "a preocupação é muito maior" porque estão em causa "reclusos particularmente perigosos", que estavam "numa prisão de alta segurança".
"Como é que isto pode acontecer numa prisão de alta segurança?", questionou.
Para Marques Mendes, o país agora "vai querer saber mais" para além deste incidente e vai "querer um relatório sobre o estado de segurança das prisões em Portugal".
O comentador manifestou ainda "grande estranheza sobre o silêncio do Governo", considerando que "é muito estranho, para não dizer insólito, que passadas 24 horas o Governo ainda não tenha dito uma palavra, sobretudo a ministra da Justiça", Rita Júdice.
"Não é o Governo que tem culpa desta fuga. Nem provavelmente pode ser associada ao Governo responsabilidade por problemas de segurança nas prisões porque tem apenas quatro meses de vida. Mas é o Governo que está em funções, é a ministra da Justiça que está em funções. Os governos são para os momentos bons, mas também para os menos bons. Os ministros são para as ocasiões fáceis, mas também para os momentos difíceis", atirou.
Marques Mendes afirmou que a ministra da Justiça "já devia ter vindo a público dar a cara" sobre a fuga e dar "uma explicação" aos portugueses "relativamente ao que aconteceu e o que se está a fazer".
Diretor interino "há vários meses"?
Além do "silêncio do Governo", o comentador político descreveu também como "insólito e até incompreensível" que o Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus tenha um diretor interino "há vários meses".
"Não é normal, não estamos a falar de um serviço administrativo qualquer. Estamos a falar de uma prisão de alta segurança. Isto também tem de ser explicado", afirmou.
Recorde-se que a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) anunciou, na manhã de sábado, que cinco reclusos fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, no distrito de Lisboa.
Uma avaliação preliminar, através das imagens de videovigilância, aponta que os cinco homens terão fugido pelas 10h00 "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior", refere a DGRSP.
Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e 61 anos.
Condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, entre os crimes estão tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
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