Olivença "é portuguesa"? O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, diz que sim e as suas declarações geraram burburinho por cá e (também) já está a fazer correr 'muita tinta' na imprensa lá fora.
"Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma. Aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português", afirmou Nuno Melo, na sexta-feira, à margem de uma cerimónia comemorativa do Dia do Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), em Estremoz.
Se, por um lado, o Grupo dos Amigos de Olivença (GAO) louvou as palavras de Melo, por outro, há quem as tenha considerado "muito graves".
O presidente do GAO Rui Carrilho referiu que as declarações do governante "vão ao encontro da posição do Estado português" e disse saber que Nuno Melo "é um irredentista e um apaixonado pela causa" e destacou "o retorno" causado pelas declarações do ministro.
Já o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, discordou da afirmação e observou que lhe parece "muito grave" e "inusitado que um ministro da Defesa faça uma declaração com esse peso, essa importância, e com esse impacto nas relações diplomáticas com a Espanha, e isso não seja articulado com o ministro dos Negócios Estrangeiros ou com o primeiro-ministro".
"Mas a responsabilidade é de quem lidera o Governo e que permite o que os seus ministros possam fazer e dizer", continuou o dirigente socialista, enfatizando que as declarações que "são feitas relativamente à política externa exigem tato, sentido de diplomacia".
Já o alcaide de Olivença sublinhou que discursos que procuram "separar através das fronteiras, no século XXI, foram mais do que esquecidos e pertencem a séculos passados".
"Estou convencido de que o ministro [da Defesa, Nuno Melo] tem assuntos mais urgentes e importantes para tratar neste momento", acrescentou Manuel José González Andrade, líder da localidade com cerca de 12 mil habitantes integrada na província espanhola de Badajoz.
Entretanto, vários jornais destacaram a polémica declaração do responsável pela pasta da Defesa, com o jornal El Debate a escrever "Portugal exige a Espanha a entrega de Olivença [Badajoz] por um litígio de mais de 700 anos".
Mais tarde, Melo recorreu à rede social X (antigo Twitter) para explicar que as suas declarações foram ditas num "contexto equívoco" e a sua "opinião não vincula o Governo".
"A opinião que tenho sobre Olivença é antiga e corresponde a uma posição de princípio, historicamente conhecida, que várias vezes defendi. Hoje repeti-a como presidente do CDS, embora num contexto equívoco, porque presente numa cerimónia como ministro. Como é óbvio, essa opinião não vincula o Governo", assegurou Nuno Melo.
Leia Também: Olivença? "Espero que não cause prejuízo aos dossiês difíceis"