Esta posição foi transmitida pela coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, em conferência de imprensa, no final da reunião da Mesa Nacional deste partido, o órgão máximo entre convenções.
Perante os jornalistas, a coordenadora do BE reiterou que o seu partido não irá viabilizar a proposta do Governo PSD/CDS de Orçamento do Estado para 2025, mas, nas sua declaração inicial, destacou, sobretudo, o facto de hoje se assinalar o 45.º aniversário do SNS, que classificou como "a maior conquista coletiva da democracia e que está intrinsecamente ligado ao 25 de Abril de 1974 e à construção do Estado Social".
A seguir, referiu-se à mensagem que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deixou sobre o aniversário do SNS, em que lamentou a existência de "preconceitos ideológicos".
"Ouvi as palavras cínicas do primeiro-ministro que diz defender o SNS, ao mesmo tempo que acusa de preconceito ideológico aqueles que precisamente lutam pelo SNS", apontou Mariana Mortágua.
Segundo a coordenadora do Bloco de Esquerda, "a ideia a que Luís Montenegro chama de preconceito ideológico foi a que fundou e que defendeu o SNS ao longo dos seus 45 anos de existência".
"Se, por um lado, temos os defensores do SNS, como o BE, que lutam por esta ideia de uma saúde para todos, universal, organizada pelo Estado, do outro lado temos os defensores dos interesses privados que querem destruir o SNS - e é desse lado que está Luís Montenegro, é desse lado que está este Governo", sustentou.
Depois de advogar que o atual executivo está num processo "ativo e acelerado de desmantelamento do SNS, com a entrega de valências a entidades de gestão privada", Mariana Mortágua visou também o PS.
"Os instrumentos que o Governo do PSD está a utilizar para desmantelar o SNS foram criados, desenvolvidos e mantidos pelo PS. Viabilizar um Orçamento de direita radical liberal e fazer oposição à esquerda não é praticamente impossível. É completamente impossível", frisou Mariana Mortágua.
A coordenadora do BE foi ainda mais longe nos avisos ao PS: "É completamente impossível dizer que se defende o SNS e apoiar ou viabilizar um Orçamento que o destrói, dia após dia, passo após passo, decisão após decisão".
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