Rui Rio, antigo líder do PSD, criticou, esta quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, devido às suas declarações dirigidas às forças de segurança, numa altura em que vários locais em Lisboa estão a ser alvo de violência, após a morte de Odair Moniz, morador do Bairro do Zambujal, na Amadora, após ser baleado pela Polícia de Segurança Pública (PSP).
O chefe de Estado, note-se, fez um apelo para que se evite uma escalada de violência na Área Metropolitana de Lisboa e se procure soluções pela via pacífica e, numa nota escrita, defendeu a importância da segurança e da ordem pública, no respeito pelos princípios do Estado de direito democrático.
"Não há democracia sem segurança e ordem pública e, portanto, sem o papel das forças de segurança -- não são as únicas, mas são fundamentais", e "devem atuar sempre no respeito pelos princípios do Estado de direito democrático", lê-se.
Rui Rio deixou claro que não consegue "entender" estas palavras, considerando que dizer "algo tão óbvio", nesta altura, é "desnecessário".
"Qual o sentido de, nesta altura, um PR dizer algo tão óbvio, e como tal desnecessário? Ameaçar os polícias? Enfraquecê-los? Dizer indiretamente que a PSP não costuma respeitar a lei? Dar força a quem gosta de desafiar a autoridade? Sinceramente, não consigo entender", escreveu o social-democrata, numa publicação divulgada na rede social X.
De referir que o Presidente da República não comentou diretamente o caso da morte de Odair Moniz na nota escrita que divulgou nem nas declarações às televisões.
Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
O agente que baleou o homem foi constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.
Desde a morte, têm ocorrido distúrbios em vários bairros da região de Lisboa.
Leia Também: Marcelo faz apelo nas televisões: "Não há democracia sem ordem pública"