Na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal, Pedro Nuno Santos participou num painel sobre "O papel da esquerda numa Europa onde cresce o populismo" e defendeu que, se as pessoas nos vários países sentissem que a política lhes respondia às aspirações e dificuldades, "o trabalho da extrema-direita seria mais difícil".
"De alguma maneira nós falhámos na medida em que são muitas famílias que sentem que a sua vida está a marcar passo, não ata nem desata e vivem um sentimento de insegurança", admitiu.
Para o líder do PS, o Governo PSD/CDS-PP, "na tentação de disputar espaço eleitoral com o Chega e com a extrema-direita", criou "um problema a si próprio e à economia portuguesa" na forma como fez a revisão da lei da imigração.
"Se, para ganhar eleições, eu tenho que fazer ou dizer aquilo que a extrema-direita diz, eu prefiro perder", respondeu a Pedro Benevides, jornalista que conduziu este painel.
Pedro Nuno Santos defendeu "inteligência e seriedade" na hora de falar de imigração, considerando que o travão que foi colocado à entrada de pessoas é também "um travão ao crescimento da economia portuguesa".
Segundo o líder do PS, foi criado um vazio pelo Governo português graças à "ausência de um mecanismo na legislação portuguesa que permita a regularização dos trabalhadores estrangeiros que provavelmente continuarão a entrar".
"O Presidente da República promulgou a lei na condição de que o país, a prazo, conseguisse encontrar um mecanismo alternativo à manifestação de interesse que estava prevista na lei. O PS dará o seu contributo para dar resposta a este vazio", comprometeu-se.
A polémica com a demissão de Ricardo Leão da presidência da FAUL do PS na sequência das declarações sobre despejos de bairros sociais também foi trazido a este painel e Pedro Nuno Santos concordou com o socialista quando este disse, num artigo de opinião já depois de se ter demitido, que não se podia enterrar a cabeça na areia nestes temas.
"São temas que temos que abordar com frontalidade e com coragem de o fazer. [Ricardo Leão] não fez nenhuma ligação com a imigração como eu vi outros a fazerem", disse.
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