"O Chega e os partidos que já anunciaram o voto favorável a esta moção não apresentam qualquer alternativa a este Governo [Regional] que querem derrubar", disse a deputada centrista Sara Madalena, porta-voz da reunião da comissão política regional do partido que decorreu hoje na Calheta, concelho na zona oeste da Madeira.
Na opinião dos centristas insulares, esses partidos "estão a brincar com o povo madeirense, e isso é, para o CDS, inaceitável e inadmissível".
Na reunião, os dirigentes do partidos consideraram que "a Madeira vive o pior momento da história da sua democracia e da sua autonomia" e que os madeirenses "assistem, incrédulos, a um triste espetáculo de irrealismo, de irresponsabilidade, de falta de sentido do bem comum, nunca antes visto na nossa terra".
No entender do CDS-PP insular, "quando deveriam estar a construir pontes entre os partidos, para aprovar o Orçamento [Regional] do próximo ano e aproveitar ao máximo os fundos europeus, o Chega, a partir de Lisboa, derruba qualquer muro negocial e apresenta uma moção de censura sem qualquer tipo de fundamento político sobre a governação".
Para o CDS madeirense "a moção do Chega é um exercício perigoso de julgar, no Parlamento [da Madeira], aquilo que é da competência da justiça".
Acrescentam que o Chega "teve outros momentos e outras razões para censurar este Governo Regional, mas escolhe o tempo e o modo errado de fazê-lo", apontando a Madeira já "corre o risco de ficar sem governo e sem Orçamento e Plano de Investimentos para o próximo ano".
O CDS-PP opina ser "curioso" assistir ao "PS e JPP alinharem com a extrema-direita numa coligação negativa, liderada por André Ventura, tendente a pôr a Madeira instável e ingovernável".
Também perspetivam um cenário de novas eleições regionais "as terceiras, no espaço de pouco mais de um ano", complementando que "estes partidos ultrapassaram todas as linhas vermelhas que tinham definido em relação ao Chega".
Ainda censuram que "o PS esteja mesmo disposto a votar uma moção onde é duramente criticado e acusado de cúmplice do PSD", num cenário que veem como "um absurdo na história de um partido fundador da democracia e da autonomia".
"Tivemos eleições regionais em setembro do ano passado, voltamos a ter eleições em maio deste ano e corremos o risco de voltar a ter eleições dentro de dois meses", refere o CDS-PP regional.
No seu entender, "isto é brincar aos partidos e às eleições, com consequências gravíssimas no funcionamento da administração pública, na economia, nas instituições da sociedade e na vida dos cidadãos e das famílias".
"O CDS entende que, nas últimas eleições regionais, o povo não deu maioria absoluta a um partido, apesar da vitória folgada do PSD, precisamente para que os partidos, no respeito pelas suas ideologias e diferenças, pudessem dialogar e negociar para chegar a consensos e acordos que melhorassem a vida das pessoas", argumentam.
Mas, para os centristas insulares, está a acontecer o contrário, porque as diferentes forças partidárias revelam "falta do sentido do interesse regional, ausência de bom senso e disputas violentas para ver quem lidera a oposição e para ver quem chega primeiro à calúnia, à difamação e à acusação".
Atestam que o CDS-PP/Madeira vai viabilizar o orçamento para este ano "e não alinha nesta "politiquice" que conduzirá a Madeira à instabilidade e à incerteza".
"Foi por isso que o CDS negociou com o Governo Regional o Orçamento (para 2025), que será discutido na próxima semana, na Assembleia Legislativa, tendo conseguido que uma grande parte das suas propostas fossem incluídas no documento", salientam.
Em 22 de novembro o Governo Regional entregou na Assembleia Legislativa as propostas de Orçamento para 2025, no valor de 2.611 milhões de euros (ME), e de Plano de Investimentos, orçamentado em 1.112 ME, os valores "mais elevados de sempre".
As propostas têm discussão agendada entre os dias 09 e 11 de dezembro na Assembleia Legislativa, com o chumbo anunciado pelos três principais partidos da oposição no parlamento, nomeadamente PS, JPP e Chega, que juntos têm maioria absoluta.
A Assembleia Legislativa da Madeira é composta por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, tendo a Iniciativa Liberal e o PAN um deputado cada.
A 17 de dezembro está agendada a discussão da moção de censura apresentada ao Governo Regional que tem aprovação anunciada de vários partidos, situação que pode implicar a queda do executivo madeirense liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.
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