"Se fosse vivo, Mário Soares teria completado 100 anos. A ausência física não faz desaparecer os exemplos nem os ensinamentos, que permanecem. Não elimina os valores, que perduram. Na luta contra a ditadura e no exílio, mostrou-nos que a coragem é a principal arma de um homem e a liberdade o principal valor de uma sociedade", disse a deputada do PS Marta Matos, na leitura do voto de saudação na sessão legislativa de dezembro do parlamento regional açoriano, na Horta, ilha do Faial.
O grupo parlamentar do PS açoriano lembra no texto que as notas biográficas e os cargos ocupados pelo antigo presidente da República "não definem nem descrevem o Homem, cuja vida e cuja história se confundem com a própria história contemporânea de Portugal" e com a construção da democracia.
"Nem sempre pacífica e escorreita, a sua relação com os Açores não deixou de ser marcante, tendo reconhecido a importância do arquipélago para o desenvolvimento e unidade do país, valorizando a autonomia regional e o papel das comunidades açorianas na diáspora", disse Marta Matos.
A parlamentar referiu ainda que o fundador e líder histórico do PS "deve servir de exemplo a todos aqueles que servem a causa pública, porque o seu legado é não só atual, como é também necessário".
Pelo PSD, o deputado Paulo Simões afirmou que Mário Soares foi "um defensor acérrimo da democracia" e lembrou que esteve no arquipélago em algumas ocasiões, como na inauguração da sede do parlamento regional.
O deputado único do BE, António Lima, também se associou ao voto de saudação e disse que o antigo Presidente da República foi "uma das grandes figuras do século XX português" e um "lutador pela democracia".
Pedro Neves (PAN) votou a favor "apenas pelo grande homem que Mário Soares foi, genuíno, honrado, corajoso, audaz" e porque "conseguiu mudar Portugal para melhor".
O parlamentar do PPM, Paulo Margato, também destacou Mário Soares como sendo "um pilar da democracia".
Pelo CDS-PP, Pedro Pinto afirmou que o voto de saudação apresentado pelo PS "evoca a memória de um grande político de Portugal contemporâneo" e "uma figura histórica e incontornável" do país.
A deputada do Chega, Hélia Cardoso, referiu que o partido não se associava à iniciativa porque não concordava com a "divinização" de Mário Soares.
Mário Soares nasceu em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, e morreu em 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, em Lisboa.
Advogado, combateu a ditadura do Estado Novo, foi fundador e primeiro líder do PS. Regressado do exílio, em França, após o 25 de Abril de 1974, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e Presidente da República, durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.
Entre outros votos hoje apresentados, o parlamento açoriano rejeitou um de protesto, apresentado pelo Chega, pela "inação e incompetência" do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
"É frustrante que, numa Região Autónoma, com Governo próprio, com uma Assembleia Legislativa própria e com capacidade legislativa própria, se continue a depender da República para uma 'simples' avaliação de uma candidatura, por parte de um Instituto que não conhece as particularidades socioeconómicas e geográficas dos Açores", disse o deputado do Chega Francisco Lima na apresentação do documento que foi rejeitado por maioria.
O Chega vai apresentar uma anteproposta de lei para que as candidaturas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao nível da habitação para as autarquias, "sejam descentralizadas do IHRU e passem a ser avaliadas na Região, para que se acelere todo o processo", indicou Francisco Lima.
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