No discurso de abertura no 22.º Congresso do PCP, em Almada, Paulo Raimundo criticou o Orçamento do Estado para 2025, viabilizado com a abstenção do PS, defendendo que "é mais uma peça" dos "interesses do grande capital" e inclui "novas tentativas de ataques aos direitos dos trabalhadores".
Paulo Raimundo considerou que o Orçamento do Estado "empobrece a vida aos pobres e enriquece a vida aos ricos", criticando em particular a redução do IRC em 1 ponto percentual, por considerar que vai dar "mais 400 milhões de euros direitinhos aos grupos económicos, esses tais que já hoje encaixam 32 milhões de euros de lucro por dia".
"Não surpreende que PSD e CDS, com Chega e Iniciativa Liberal (IL), assumam por inteiro os interesses dos que se acham donos disto tudo. Ainda que, sem surpresa, não se pode deixar de registar a opção do PS que, por maiores que sejam agora as suas proclamações, não conseguem disfarçar, nem muito menos apagar, as cumplicidades com as medidas aprovadas", afirmou.
Paulo Raimundo salientou que "o PSD e o CDS tiveram o Orçamento aprovado, o PS criou-lhes as condições para isso e ainda libertou e o Chega e a IL de ter de votar a favor", acrescentando que "todos, e perante as fabricadas discordâncias, são cúmplices da política que está em curso e desta política errada".
"Perante esta teia de cumplicidades, o PCP assume-se como a verdadeira força de oposição, resistência e de alternativa à política de direita. Um caminho que exige o combate ao avanço das conceções, objetivos e forças reacionárias que, apresentadas como antissistema, são o pior que o sistema produz", afirmou.
Para Paulo Raimundo, esse combate a forças reacionárias "obriga à rutura da política de direita, essa que é a causa funda que abre espaço e alimenta essas mesmas forças".
"Não se dá combate às forças reacionárias alimentando as suas conceções e aplicando, a pretexto do seu combate, a política que projeta", frisou.
O secretário-geral do PCP avisou que "a evolução do país nos tempos mais próximos dependerá do desfecho do confronto entre os que querem concluir o processo contrarrevolucionário e as forças que, ancoradas em Abril e na Constituição, lhes fazem frente e resistem".
"Um embate e um confronto que não se compadece nem admite que se fique em cima do muro. Que se fale de esquerda e se apoie a política de direita, que se fale nos direitos dos trabalhadores e se entregue de mão beijada benefícios para o grande capital, que se fale do superior interesse nacional, para a seguir se entregue mais uma empresa ao estrangeiro, mais uma parcela de soberania", afirmou, numa alusão ao PS.
Para Paulo Raimundo, "a situação nacional reclama iniciativa política, com propósitos e objetivos claros e sem hesitações para dar combate decidido à política de direita".
"As ameaças da direita exigem, e exigirão no futuro ainda mais, um PCP ainda mais forte e mais influente", referiu.
Os trabalhos do 22.º Congresso do PCP começaram precisamente às 10:30, como estava agendado, com os delegados a entoarem "A Internacional", tendo posteriormente aprovado várias propostas de funcionamento do Congresso, como o seu regulamento, a sua presidência e os seus órgãos.
[Notícia atualizada às 11h44]
Leia Também: Reunião magna comunista arranca hoje com discurso de Paulo Raimundo