"Se acreditasse que tudo isto está bem, não me candidataria por uma lista adversária", afirmou Pedro Ermida numa intervenção na IX Convenção Nacional da IL, que decorre entre e domingo em Loures (distrito de Lisboa), defendendo que "há muito a melhorar no partido".
Pedro Ermida é candidato a secretário-geral do partido na lista de Rui Malheiro, que disputa a presidência da Iniciativa Liberal contra Rui Rocha.
O liberal afirmou também que existe "uma deriva e incoerência em algumas propostas", considerando que a IL está a afastar-se dos seus "ideais iniciais, seguindo ora partidos à esquerda, ora à direita".
"Não culpo a atual Comissão Executiva por tudo, mas a mesma deveria encarar os factos com seriedade e tentar resolver os problemas. E estes não se resolvem com declarações como 'por cada membro que sai, entram dois'", sustentou.
Na sua intervenção, Pedro Ermida disse também que foi acusado de prejudicar e de "querer destruir" o partido e pediu aos congressistas que "não temam a crítica", argumentando que "nenhum partido perde votos devido a vozes dissonantes internas".
"Sempre existiram e sempre existirão tendências e oposições em todas as organizações políticas. Lembremo-nos que somos todos membros de um partido liberal", defendeu.
David Almeida deixou também alguns reparos ao partido, a partir do púlpito da IX Convenção Nacional, dizendo que "falta algo especial" à IL, que seja "um partido verdadeiramente aberto, exigente e ambicioso".
"Precisamos de um partido onde todos contam, onde o debate é livre e onde a transparência não é um slogan, mas uma prática diária. Não é por acaso que temos 24 moções a discussão, a pluralidade de pensamento e a insatisfação dos membros está nelas espelhada", considerou o militante, que disse apoiar a lista ao Conselho Nacional encabeçada por Paulo Ricardo Lopes.
David Almeida recusou uma IL "acomodada, sem ambição governativa, sem estratégia clara para crescer e influenciar o país".
"Precisamos de um partido que não tenha medo de ser alternativa real, que não se limite a assistir ao jogo político, mas que entre em campo sempre para ganhar", sustentou, apontando que "este é o momento de escolher" entre "um partido fechado, acomodado e previsível ou um partido ambicioso, transparente e pronto para governar".
Noutra intervenção, minutos depois, Eunice Baeta pediu ao partido que "evite saneamentos", considerando que uma divisão "é um erro enorme".
A autarca do partido em Sintra, no distrito de Lisboa, pediu também que as bases sejam ouvidas, apontando "falta de coordenação" no dossiê da desagregação de freguesias, que a IL votou contra.
Eunice Baeta assinalou que são os autarcas que "propagam a palavra do liberalismo no terreno todos os dias" e apelou ao "respeito pelo pluralismo".
"O pluralismo é a maior riqueza que a democracia nos dá, é o oxigénio que um liberal deve ter e é desse oxigénio que nós devemos respirar todos os dias", defendeu.
Leia Também: Coordenador da IL na Madeira acusa Albuquerque de irresponsabilidade