Numa intervenção no segundo dia do 22.º Congresso do PCP, em Almada, o membro do Secretariado do Comité Central do partido salientou que os quadros são "a bases estrutural" do partido e, sem eles, "não estaria em condições de responder como tem respondido aos problemas com que se confronta".
Salientando que o PCP conseguiu responsabilizar 1.042 novos quadros desde a Conferência Nacional do partido em 2022 - superando o objetivo que se tinha fixado de responsabilizar 1.000 novos quadros -, Rui Braga frisou, contudo, que é preciso continuar esse trabalho.
"Precisamos de responsabilizar mais mil novos quadros, como está proposto ao Congresso. Precisamos de responsabilizar mais quadros para que este partido, o nosso partido, continue a cumprir o seu papel de sempre por uma sociedade mais justa e fraterna", disse.
No entanto, "apesar dos passos positivos que se têm dado neste domínio", Rui Braga salientou que "continuam a verificar-se deficiências e atrasos no melhor conhecimento, responsabilização e acompanhamento dos quadros que importa superar".
"Por vezes, a avaliação dos quadros é feita com superficialidade, de modo unilateral, com falta de espírito crítico e autocrítico, acentuando só os êxitos ou só os erros, subestimando aspetos essenciais que, partindo de dificuldades reais ou do insuficiente conhecimento, impedem que outros camaradas possam assumir tarefas, ganhar experiência, revelar capacidade e potencialidades para assumirem mais responsabilidades", avisou.
Rui Braga defendeu que as condições atuais que o PCP enfrenta "exigem dos quadros uma preparação mais elevada, diversificada, capaz de responder no plano político e ideológico".
"Os quadros não aparecem do nada, não se formam espontaneamente, não surgem por acaso. Os quadros emergem e desenvolvem-se a partir dos militantes do nosso partido, nas empresas, nas fábricas, nas diversas frentes de luta em que o PCP intervém", referiu, afirmando que se formam também "com a atividade, a intervenção e a luta no contacto diário com a realidade".
"É aí que, pela sua intervenção e na superação das dificuldades, se revelam e formam os traços característicos dos quadros do nosso partido", disse, acrescentando também que "a preparação política e ideológica dos quadros é uma tarefa fundamental".
"O estudo dos documentos do partido e das obras do marxismo-leninismo, dos princípios teóricos aliados à prática e à experiência do nosso partido, o conhecimento da história do PCP e do processo da Revolução portuguesa são aspetos indispensáveis, fundamentais para elevar o nível político e ideológico", referiu.
Neste primeiro período de intervenções durante a manhã do segundo dia do Congresso do PCP, Patrícia Machado, membro da Comissão Política do PCP, fez um discurso sobre desenvolvimento territorial no qual advertiu que "cada vez mais se acentuam as assimetrias entre regiões e dentro das próprias regiões".
"Por mais que os governos do PS e do PSD/CDS apregoem que as medidas de coesão estão a sortir efeitos, entre 2018 e 2021 a tendência da generalidade das regiões do chamado interior é de decréscimo dos índices do desenvolvimento e isso está naturalmente ligado à intensificação de traços de empobrecimento, a tendências imensas de despovoamento e envelhecimento e ao estrangulamento das atividades económicas e sociais", frisou, defendendo que é preciso uma nova política que aplique "um conjunto de medidas integradas e dinamizadas regionalmente".
"Salvaguardando o caráter universal das várias áreas, assegurando os serviços públicos, o respeito pela autonomia do poder local democrático e, questão central, que abra caminho à regionalização", disse.
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