"PCP, perante as dificuldades, encontrou sempre força para se erguer"

O ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa recorreu hoje à História do último século para sustentar a tese de que os comunistas enfrentaram em vários momentos conjunturas extremamente adversas, sucederam-se as direções, mas sempre souberam erguer-se.

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Lusa
14/12/2024 13:12 ‧ há 3 horas por Lusa

Política

Jerónimo de Sousa

"O que a história nos diz é que o PCP, perante as maiores das dificuldades e adversidades que enfrentou, encontrou sempre força para se erguer e avançar e cumprir os seus compromissos com os trabalhadores e o povo", declarou Jerónimo de Sousa no discurso que proferiu na manhã do segundo de três dias do Congresso Nacional do PCP, em Almada.

 

Numa intervenção de dez minutos, que foi aplaudida de pé pelos delegados comunistas e em que assumiu as dificuldades atuais do seu partido face a um processo "contrarrevolucionário que já dura há 48 anos", Jerónimo de Sousa procurou sobretudo desdramatizar as condições do tempo do presente e transmitir uma mensagem de confiança em relação ao futuro.

"Quem olhar para a história do PCP verificará que, desde os longínquos anos da sua fundação, nunca teve uma vida fácil, mas nunca desistiu. Ilegalizado quase à nascença, não aceitou a sentença da sua liquidação e partiu para a luta pela conquista da liberdade e da democracia, correndo os maiores riscos e atravessando as mais tenebrosas conjunturas", referiu.

Sobre os últimos anos da política nacional, o anterior líder não se pronunciou sobre a experiência da Geringonça, tempo em que liderou o PCP, com o partido a apoiar no parlamento executivos minoritários do PS. Falou apenas em termos globais, dizendo que "o Governo da AD (Aliança Democrática), com as costas quentes da Iniciativa Liberal e do Chega, quer levar mais longe" o processo contrarrevolucionário em Portugal.

Este partido não vacilará no cumprimento do seu compromisso de sempre com os trabalhadores, com o povo, no cumprimento do compromisso de tudo fazer para unir a classe operária e os trabalhadores

Depois, fez uma defesa vigorosa sobre a utilidade da ação do PCP.

"Onde não iria a liquidação das conquistas de Abril e do regime democrático, a própria exploração do trabalho, que seria mais profunda, se não fosse a luta constante, firme e leal do PCP?", perguntou.

Em relação à frente parlamentar do partido, Jerónimo de Sousa advogou que lá se pode encontrar "igualmente refletidos os compromissos assumidos quando se trata de garantir a valorização dos salários e das pensões, elevar e defender direitos laborais e sociais universais em áreas como a saúde, educação, habitação ou cultura". Ou quando se trata de "defender o emprego contra encerramentos abusivos e em defesa dos setores produtivos da economia nacional, de garantir apoios justos à agricultura familiar e aos micro e pequenos e médios empresários em defesa das suas atividades".

"Sim, este é um partido de uma só cara e de uma só palavra. Sabemos que enfrentamos adversários poderosos, que têm nas mãos potentes instrumentos de manipulação política ideológica e comunicacional, mas desiludam-se todos aqueles que, utilizando as mais torpes mentiras, falsificações e deturpações sobre o nosso partido e a sua orientação, mas também o silenciamento e omissão das soluções que tem e defende para o país, nos desencorajam e nos desanimam no combate que continuamos a travar em todas as frentes, nas empresas, nos locais de trabalho, nos campos e nas instituições", acentuou.

Depois, num recado em que não identificou destinatários, advertiu também que se "desenganem aqueles que pensam ser possível levar o PCP a iludir e dissimular nos seus princípios e fraquejar um compromisso que, afinal, é a sua própria razão de ser e a sua marca da sua identidade".

"Este partido não vacilará no cumprimento do seu compromisso de sempre com os trabalhadores, com o povo, no cumprimento do compromisso de tudo fazer para unir a classe operária e os trabalhadores", salientou.

Na parte final da sua intervenção, Jerónimo de Sousa procurou reforçar a sua mensagem de otimismo em relação ao futuro do PCP.

"São grandes as exigências que se colocam ao nosso partido e a cada um de nós. Nós temos confiança, uma confiança no seu coletivo militante, nas suas próprias forças, confiança na capacidade de ação e de intervenção deste partido que é diferente e diferente quer continuar a ser, porque essa é a matriz da sua criação, da sua existência e o segredo da sua longevidade", declarou.

A seguir, levantou os delegados comunistas ao congresso quando acrescentou: "Estamos e aqui continuamos de pé, para lutar de pé, a enfrentar a ofensiva contra Abril com força e confiança e eu acrescento a esperança, dispostos a seguir em frente e transformar o sonho em vida".

[Notícia atualizada às 13h19]

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