O ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, criticou, na quinta-feira, uma "operação especial de prevenção criminal" da Polícia de Segurança Pública (PSP) na zona do Martim Moniz, em Lisboa, e lamentou o "ponto de miséria a que se pode chegar".
Numa publicação, na rede social Facebook, o socialista questionou: "Pessoas encostadas à parede, para 'revista' coletiva, numa rua de Lisboa? Numa rua onde vivem e trabalham migrantes de várias nacionalidades? Às ordens da polícia conduzindo uma "operação especial" (à maneira de Putin)? Por instrução direta do Governo?"
Na mesma publicação, Santos Silva lamentou o "ponto de miséria moral a que se pode chegar".
O ex-presidente da Assembleia da República partilhou a crítica da eurodeputada e ex-ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, que considerou tratar-se de uma "ação inqualificável".
"Em Lisboa: após ordem do primeiro-ministro Luís Montenegro para endurecer, a polícia coloca centenas de pessoas imigrantes encostadas na parede da rua em operação policial arbitrária e ilegal. Isto constrói perceções falsas e alimenta o populismo", escreveu Ana Catarina Mendes.
Sublinhe-se que o enorme aparato policial na zona do Martim Moniz levou à circulação de imagens nas redes sociais, nas quais se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
O próprio primeiro-ministro considerou que a operação da PSP foi "muito importante" para criar "visibilidade e proximidade" no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.
"Há uma coisa que me parece óbvia, é muito importante que operações como esta decorram, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalidade de atividades ilícitas", sublinhou Luís Montenegro, em conferência de imprensa, em Bruxelas, capital da Bélgica.
O primeiro-ministro considerou que as operações policiais de prevenção "têm um duplo conteúdo", ou seja, aumentar a "tranquilidade dos cidadãos, por um lado", e combater as "condutas criminosas".
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