A socialista Ana Gomes considerou, no domingo, que a operação da Polícia de Segurança Pública (PSP) na zona do Martim Moniz, em Lisboa, colocou "em causa o Estado de direito" e serviu "para fomentar a insegurança" e "para fazer o trabalho do Chega".
"É uma mudança para pior, para muito pior. Para pôr, na minha opinião, em causa o Estado de direito. Para fomentar a insegurança, para fazer o trabalho do Chega", começou por referir quando questionada sobre se a operação policial da passada quinta-feira representava uma "mudança de paradigma no país".
Lembrando os dados do Barómetro da Imigração realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que indicam que a "maior parte dos portugueses tem uma perceção errada do que é a imigração", a socialista considerou que "agora passou-se à fase de ligar criminalidade à imigração".
"Esta operação policial na Rua do Benformoso, à 'Rambo' e que não tem nada a ver com o policiamento de proximidade… É mentira quem anda a dizer que já houve muitas assim", atirou.
Para Ana Gomes, a operação foi "particularmente perigosa", uma vez que "já há agressões a imigrantes noutras zonas do país" e "a perceção errada" que a PSP sugere "pode fomentar isso".
"Não posso descartar que, no mesmo dia, o Governo estava a aprovar um projeto de legislação do Chega - um conluio da Aliança Democrática (AD) com o Chega - para arredar os migrantes em situação irregular do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Isso é inacreditável", afirmou.
A socialista considerou que em causa está uma situação "lamentável e alarmante" e que, "se o objetivo do Partido Social Democrata (PSD) é tirar votos ao Chega", tal "não irá resultar porque as pessoas vão sempre preferir o original".
Sublinhe-se que o enorme aparato policial na zona do Martim Moniz levou à circulação de imagens nas redes sociais, nas quais se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
O próprio primeiro-ministro, Luís Montenegro, considerou que a operação da PSP foi "muito importante" para criar "visibilidade e proximidade" no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.
"Há uma coisa que me parece óbvia, é muito importante que operações como esta decorram, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalidade de atividades ilícitas", sublinhou Luís Montenegro, em conferência de imprensa, em Bruxelas, capital da Bélgica.
O primeiro-ministro considerou que as operações policiais de prevenção "têm um duplo conteúdo", ou seja, aumentar a "tranquilidade dos cidadãos, por um lado", e combater as "condutas criminosas".
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