Luís Marques Mendes, antigo presidente do Partido Social Democrata (PSD), considerou que os acontecimentos deste domingo na Rua do Benformoso, em Lisboa, "vêm provar" que a intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP) em dezembro "fazia todo o sentido". Ao mesmo tempo, apelou à "moderação" por parte dos responsáveis políticos, após as manifestações que ontem decorreram na capital portuguesa.
No seu habitual espaço de comentário, na SIC, Marques Mendes começou por abordar a altercação ocorrida ao início da tarde de hoje, na Rua do Benformoso, que causou pelo menos sete feridos.
"Os acontecimentos de hoje vêm provar que aquela zona tem alguns problemas e que a intervenção que a PSP teve em dezembro fazia todo o sentido", disse o ex-líder social-democrata, referindo-se à polémica operação policial de 19 de dezembro.
"Vêm provar que a PSP tem razão em fazer operações que têm estes objetivos: prevenir, dissuadir e reprimir o crime. Porquê? O que está em causa é o crime, independentemente de ser praticado por um português ou um estrangeiro. Um crime não tem raça, não tem cor, não tem nacionalidade. Portanto, as regras são iguais para todos", acrescentou.
Nesta senda, Marques Mendes aproveitou para dizer que as manifestações que ontem ocorreram a propósito da ação da PSP são "totalmente legítimas", mas "dão um bocadinho a ideia de que há duas realidades incompatíveis, contraditórias. Segurança por um lado, imigração por outro."
"Acho que esta ideia que esta a tentar passar-se não é saudável. Acho que não é verdadeira. Portugal precisa das duas coisas ao mesmo tempo e elas não são compatíveis. Portugal precisa de segurança e Portugal precisa de imigração", criticou.
Para o comentador, Portugal "precisa de segurança", as forças "são muito bem-vindas" e aqueles que residem no país "têm regras, têm leis a respeitar". "Se as leis forem violadas, seja por um português, seja por um estrangeiro, é um crime e é nesse plano que as forças de intervenção fazem muito bem em agir. Não por ordem do poder político, mas pela necessidade de conhecimento do terreno", ressalvou Marques Mendes.
Por outro lado, "precisamos de imigrantes", defendeu o antigo líder do PSD. "Primeiro, porque somos um país aberto ao mundo, depois porque precisamos de mão-de-obra e precisamos de uma imigração regulada, com integração", apontou, referindo que "os imigrantes que vierem para Portugal cumprindo as regras e as leis do país são bem-vindos".
Desta forma, Marques Mendes deixou um apelo à moderação por parte dos responsáveis políticos em ambos os casos.
"É preciso alguma moderação em Portugal nesta matéria. É preciso moderação, por exemplo, em relação à PSP e as forças de segurança. A PSP e as forças de segurança não são do Governo, nem são da oposição, são do país. Cumprem a lei. Exercerem as suas competências em função dos critérios da lei", afirmou, acrescentando que "é preciso também moderação a abordar segurança e imigração".
"Esta perceção pública de que as coisas estão ligadas, de que uma coisa é contra a outra, parece-me que não é correto, não é justo e sobretudo ano é verdadeiro. A vida política portuguesa está bastante crispada, está bastante radicalizada, está bastante polarizada e eu acho que um apelo à moderação faz sempre sentido", completou.
Presidenciais? "Estou a ultimar essa reflexão"
Neste espaço de comentário, Marques Mendes foi ainda interrogado sobre as presidenciais e disse estar a "ultimar" uma decisão sobre uma possível candidatura.
"Não estou a adiar nem a retardar essa reflexão, estou a ultimar essa reflexão. Quanto eu tiver esta reflexão concluída, ou seja, uma decisão tomada na minha cabeça, vou anuncia-la aos portugueses com toda a clareza e transparência", rematou.
De notar que o social-democrata anunciou ainda que o Governo vai aprovar em Conselho de Ministros, esta semana, "cerca de 30 medidas de simplificação fiscal".
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