Em declarações à margem do jantar, em Vila Nova de Gaia, que assinalou o 14.º aniversário do PAN, a líder do partido considerou que "os interesses económicos não podem estar acima dos direitos humanos" no momento da escolha de Paulo Rangel para a deslocação a Maputo, frisando que "aquilo que Portugal deveria de estar a fazer era atuar como um mediador, precisamente para que os atos eleitorais sejam mais transparentes e mais democráticos".
Questionada pela Lusa se a ausência do Presidente da República portuguesa não era, em si, um sinal de descontentamento que acompanha a contestação que se vive naquele país africano, Inês de Sousa Real concordou, mas insistiu que "o Governo de Luís Montenegro também tenha este mesmo compromisso".
"E aquilo que verificamos é que isso não tem acontecido. Não aconteceu neste caso em Moçambique como não aconteceu noutros atos, como por exemplo, na organização do Mundial [de futebol 2030] com Marrocos e sucessivamente. O que temos visto é um Governo que claramente fecha os olhos em determinados momentos, quando sabemos que há direitos humanos que estão a ser atropelados, entre outras dimensões da democracia", acrescentou.
Sobre o regresso da violência, no domingo, à Rua do Benformoso, em Lisboa, a líder do PAN lembrou que há no país "hoje uma desigualdade muito assinalável", que é preciso "combater a pobreza e erradicar fenómenos da exclusão social, porque se não garantir que a imigração é feita com integração (...) não se resolvem os problemas da imigração".
"Nós temos mais de 2.000 milhões de euros de contribuições para a Segurança Social da força laboral dos imigrantes que estão em Portugal e também não gostaríamos de ver o mesmo com a comunidade portuguesa, entendemos que Portugal tem um caminho a fazer para que a imigração garanta que exista integração e segurança para todas as pessoas, incluindo para os próprios imigrantes e não apenas para os portugueses, porque não nos podemos esquecer do tráfico", disse.
Em resposta às afirmações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que avaliou as duas manifestações no sábado como sendo dos extremos, a deputada do PAN assegurou que "ninguém está a pôr em causa a atuação da polícia".
"O que está a ser posto em causa foi um aproveitamento político do Governo de um episódio de uma rusga policial. Porque não só não vemos o Governo a fazer esse mesmo 'show off' em torno de outras atuações, nem tem que o fazer, como os fenómenos de segurança no nosso país devem ser combatidos com políticas não só de proximidade, mas com a sociedade que os dados também nos trazem e por isso mesmo, quando olhamos para os problemas a nível criminal no nosso país, verificamos que crimes como por exemplo, o de violência doméstica, são dos maiores flagelos que o país tem atravessado", assinalou Inês de Sousa Real.
"Na semana que passou morreu mais uma mulher às mãos da violência de forma absolutamente bárbara, uma mulher que estava sinalizada. E não vemos o Governo a fazer esse tipo de mediatismo em torno de um flagelo que urge combater e dar respostas", criticou.
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