"Foi votada há pouco a legislação sobre desagregação de freguesias, e eu queria salientar a hipocrisia deste processo. E para pôr nome nos partidos, a hipocrisia de PSD, CDS e Chega", acusou Rui Rocha numa declaração aos jornalistas, acompanhado pelos restantes sete deputados que compõem o Grupo Parlamentar da IL.
Relativamente ao PSD, Rui Rocha considerou que o partido, ao votar a favor da desagregação de freguesias, "contraria aquilo que propuseram e aprovaram durante o Governo de Passos Coelho", referindo-se à Lei Relvas que, em 2013, fundiu e extinguiu freguesias.
"Temos, portanto, o PSD de Luís Montenegro a votar contra o PSD de Passos Coelho", acusou Rui Rocha, numa declaração
Já no que se refere ao Chega, que se absteve na votação, o líder da IL acusou o partido de fazer "todos os dias grandes proclamações sobre menos cargos políticos" e, "à primeira oportunidade, viabilizar o aumento dos cargos políticos em Portugal".
"São centenas de novos cargos políticos, são centenas e milhares de nomeações, são dezenas de milhões de euros que custam a mais aos portugueses com esta decisão. Portanto, o Chega, com a mão direita, proclama que não quer mais cargos políticos e, com a esquerda, viabiliza novos cargos", afirmou.
Rui Rocha disse que a IL vai continuar a "assumir com total coragem a vontade de continuar a ser o único partido político, o único grupo parlamentar, que contraria essa ideia de sempre mais Estado, mais despesa, menos dinheiro no bolso dos contribuintes para servir clientelas políticas".
"O país precisa de crescimento económico, de indústria, mas não precisa desta indústria que aqui se votou, de criação permanente de mais despesa e de mais cargos políticos", disse.
Questionado sobre a notícia do jornal Sol de que a IL fechou com o PSD um acordo para pré-coligações nas autárquicas, Rui Rocha respondeu que "essa notícia é completamente falsa".
"Quero aqui dizer aos portugueses que não houve nenhum contacto nos últimos meses com a direção do PSD para nada que tenha a ver com autárquicas", disse, acrescentando que, "no momento certo", o partido irá decidir o seu posicionamento "em cada autarquia do país".
Interrogado se também não houve qualquer conversa com o PSD sobre o assunto relativamente às presidenciais, Rui Rocha disse que também não.
"Nos últimos meses desde que vieram a público um conjunto de conversas com o senhor primeiro-ministro de foro reservado [em setembro, relativamente ao Orçamento do Estado], não houve nenhum contacto da IL, do seu presidente, da sua direção, a nível nacional com órgãos representativos a nível nacional com o PSD", referiu.
Instantes depois desta declaração, a deputada do PS Marina Gonçalves considerou, em declarações aos jornalistas, que este é um "momento muito importante aqui no parlamento" porque se fez justiça para com as populações, referindo que a desagregação das freguesias foi um compromisso assumido pelos socialistas.
Segundo a deputada socialista, tratou-se de cumprir e respeitar "aquela que era uma vontade" das populações, lamentando que não tenha havido uma maioria mais expressiva já que este foi um processo que nasceu da vontade das populações.
"Nas próximas autárquicas teremos mais freguesias que foram agregadas incompreensivelmente", disse ainda.
O parlamento aprovou hoje a reposição de 302 freguesias por desagregação de uniões de freguesias criadas pela reforma administrativa de 2013.
O projeto de lei teve os votos a favor dos proponentes PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, e ainda do CDS-PP, o voto contra da Iniciativa Liberal e a abstenção do Chega.
Leia Também: IL sozinha no voto contra a reposição de freguesias