"Governo não fez nada para ter CEO à altura dos desafios do SNS"

O líder socialista Pedro Nuno Santos fala em "falhanço do Governo" com três presidentes do INEM e três diretores executivos do SNS em dez meses - e responsabiliza Luís Montenegro.

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© Ana Rocha Nené/PS/Flickr

Cátia Carmo
18/01/2025 14:39 ‧ há 8 horas por Cátia Carmo

Política

Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, vê a demissão do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra d'Almeida, como mais um "falhanço do Governo", que fez "tudo para que Fernando Araújo se demitisse", mas "não fez nada para ter um CEO à altura dos desafios do SNS".

 

"Já vamos no terceiro presidente do INEM e no terceiro diretor executivo do SNS num Governo que tem dez meses. Não temos um Governo nem ministério à altura para dar resposta a uma das áreas mais importantes da nossa vida, que é a saúde. A responsabilidade máxima é do primeiro-ministro. A saúde foi a área prioritária de Luís Montenegro durante a campanha, portanto a responsabilidade máxima do que está a acontecer na saúde é do primeiro-ministro", sublinhou, em declarações aos jornalistas.

Para o líder do PS "o falhanço do Governo é claro".

"Desde logo, na instabilidade que hoje temos nas estruturas da Saúde, a começar na direção executiva e a continuar nas Unidades Locais de Saúde, onde têm sido feitas muitas alterações, umas em cima das outras, para garantir que os autarcas do PSD em final de mandato possam ter um destino, sem terem conseguido, até agora, resolver os principais problemas do SNS nem concretizar as próprias medidas que apresentaram", sublinhou o responsável socialista.

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda anunciou este sábado que vai pedir uma audição urgente de António Gandra d'Almeida e da ministra da Saúde.

"Acho que é fundamental que sejam prestados esclarecimentos ao Parlamento sobre as verdadeiras razões desta demissão, sem perdermos de vista, que já estávamos a assistir, há algum tempo, a uma desvalorização da direção executiva do SNS, que é uma peça importante da reforma do SNS que estava em curso e que foi desvalorizada por esta senhora ministra e por este Governo", afirmou Pedro Nuno Santos.

O líder do PS aponta ao "desnorte" do Governo.

"Claramente há um desnorte no que diz respeito à saúde e esta é mesmo uma das áreas cruciais. Se o Governo é incompetente na área da saúde, não é competente naquilo que é mais importante. A situação do SNS é difícil, há muitos anos. Sempre o dissemos, nunca o escondemos. Este Governo criou a expectativa na sociedade portuguesa de que era fácil e possível de ser rápido resolver os problemas do SNS", sublinhou o Nuno Santos.

A ministra da Saúde aceitou o pedido de demissão apresentado na sexta-feira à noite pelo diretor-executivo do SNS, António Gandra D'Almeida, surgido na sequência de uma investigação da estação SIC, que denunciou que o responsável acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão.

Segundo a reportagem divulgada, a lei diz que é a acumulação de cargos é incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento.

Gandra D´Almeida, especialista em cirurgia geral, foi diretor da delegação do Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a partir de novembro de 2021 e, nas Forças Armadas acumulou funções de chefia e de coordenação.

Foi escolhido pelo Governo na sequência da demissão apresentada por Fernando Araújo no final de abril de 2024, depois de liderar a Direção Executiva do SNS durante cerca de 15 meses, alegando que não queria ser um obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considerasse necessário implementar.

[Notícia atualizada às 15h19]

Leia Também: Do acumular de funções à demissão. Perceba a polémica com o CEO do SNS

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