O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Marques Mendes, afirmou que o CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS) demissionário, António Gandra d'Almeida, "não tinha alternativa" a não ser apresentar o pedido de demissão, na sexta-feira.
No habitual espaço de comentário na SIC Notícias, este domingo, Luís Marques Mendes disse acreditar que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, "terá pressionado" Gandra d'Almeida, tendo em conta que a governante não demorou muito a aceitar a demissão.
"A minha convicção é que a ministra terá pressionado logo para que Gandra d'Almeida apresentasse o pedido de demissão. Não sei se foi assim, mas não me surpreendia que tivesse sido", referiu o comentador.
Marques Mendes indicou também que está de acordo com as declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes: "Concordo, concordo totalmente".
"Acho que um perfil mais técnico e menos político era de todo aconselhável e recomendável. Se a ministra for para um critério mais político - e se quisermos acrescentar até mais partidário - acho que faz mal", sublinhou, secundando a ideia avançada por Carlos Cortes, no sábado, em declarações à agência Lusa.
Marques Mendes aproveitou ainda para lembrar que nunca esteve de acordo com uma comissão executiva do SNS e questionou: "Onde é que as coisas melhoraram?" [nos dois anos após o surgimento do organismo].
"Não vejo uma real utilidade" na comissão, vincou, dizendo ainda que, na sua opinião, esta "pode ser foco de conflitos com outras entidades". "Criou-se mais um serviço, mais um instituto, mais cargos dirigentes", afirmou, acrescentando que "esta relação do custo-benefício, custo-utilidade devia ser debatida".
Recorde-se que uma investigação da SIC deu conta de que o CEO, agora demissionário, António Gandra D'Almeida, tinha acumulado funções de diretor da delegação regional Norte do INEM com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão.
Este domingo, o jornal Público avançou que Gandra D'Almeida terá também prestado serviços no Hospital de Gaia nos mesmos anos em que era cargo dirigente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e até ao ano passado, altura em que foi escolhido para o cargo de CEO do SNS.
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