O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, confessou, numa entrevista concedida ao Expresso, que o coletivo "tem de estar preparado" para eleições Legislativas antecipadas, face à conjetura que o país enfrenta. O líder da bancada do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, e até mesmo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não deixaram passar as declarações em branco.
"Nós não sabemos quando haverá eleições, mas o PS tem de estar preparado. […] Essa circunstância não pode, ao dia de hoje, ser excluída", disse Pedro Nuno.
É que, de acordo com o socialista, os "estados gerais" do PS deverão ser lançados em abril e terão a duração de um ano, até abril de 2026.
Contudo, na ótica de Hugo Soares, o PS tem formado um "governo-sombra" com o Chega para dificultar a ação do Executivo, decidindo “opções de política pública essencial no Parlamento na conjugação mais estranha" que já viu “de interesses partidários".
"A notícia que está em todo o lado é que o PS está a acelerar uma espécie de 'estados gerais' e a dizer pela voz do secretário-geral que está a preparar o partido para eleições legislativas antecipadas a meio do ano de 2026", afirmou.
O social-democrata confessou ainda não ficar surpreendido, mas entristecido com o "aparente foco em eleições antecipadas" do maior partido da oposição. Considerou ainda esta posição a antítese de outra que ficou célebre no PSD, numa aparente alusão à frase "que se lixem as eleições", atribuída ao ex-líder do PSD Pedro Passos Coelho durante o tempo da 'troika'.
"Estou absolutamente convencido que esta legislatura será cumprida até ao último dia, mesmo e apesar do tal pseudo-governo que existe na Assembleia da República", reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa, por seu turno, escusou-se a tecer grandes comentários, uma vez que, na eventualidade de eleições antecipadas em 2026, já não será o Presidente da República.
"Vamos esperar para ver. É um problema que se vai colocar a partir do verão. Saber se é ou não aprovado o Orçamento do Estado [para 2026]", disse.
Já o ministro da Economia, Pedro Reis, apontou que "o Governo está focado em governar e reformar".
"É imprevisível o que se vai passar daqui a seis meses na economia mundial, quanto mais daqui a nove meses na arena política portuguesa", complementou.
Na entrevista publicada esta sexta-feira pelo semanário, Pedro Nuno Santos confessou ainda que o PS não fez "tudo bem nos últimos anos no que diz respeito à imigração" e prometeu que, no final do mês, será apresentada uma proposta para acabar com uma "situação de terra de ninguém ou um vazio na lei", a propósito da eliminação da manifestação de interesse. Recusou, contudo, recuperar esse instrumento tal como existia, uma vez que, a seu ver, é necessário "encontrar válvulas de escape que permitam a regularização de imigrantes que estão a trabalhar".
"Quando há uma procura intensa que coloca pressão sobre os serviços públicos, isso vai facilitar o discurso divisionista, muitas vezes de ódio, que a extrema-direita usa contra os trabalhadores estrangeiros. Precisamos, de uma vez por todas, de falar sobre a imigração de forma descomplexada, exigente, rigorosa, como infelizmente não se tem feito", defendeu.
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