Com ameaças e gritos, 'caso' Arruda exalta ânimos. O momento que parou AR

O líder parlamentar do Chega ameaçou não poder responder "por aquilo que possa acontecer nesta sessão plenária" caso Miguel Arruda não saísse de perto dos deputados do Chega.

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Cátia Carmo
24/01/2025 10:44 ‧ há 7 horas por Cátia Carmo

Política

Parlamento

O debate na Assembleia da República, esta sexta-feira de manhã, foi interrompido pelo presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, depois de os ânimos se terem exaltado por causa do lugar ocupado pelo ex-deputado do Chega Miguel Arruda, na bancada do partido.

 

A polémica começou logo nos primeiros segundos da sessão, quando Aguiar-Branco deu conta da formalidade de Miguel Arruda deixar de ser deputado do Chega.

"Fazer um primeiro anúncio à câmara de que Miguel Arruda passou a deputado não inscrito e a localização do lugar segue aquilo que tem sido sempre a prática do plenário: passar para a última fila do hemiciclo", começou por dizer Aguiar-Branco.

Logo a seguir, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, pediu a palavra e acabou por contestar o facto de Miguel Arruda continuar sentado na bancada do partido.

"As coisas não foram pacíficas e não posso responder pelo meu grupo parlamentar por aquilo que possa acontecer nesta sessão plenária. Manter-se sentado ao lado do grupo parlamentar de que saiu não é correto porque desrespeita o grupo parlamentar, o presidente do partido, o presidente do grupo e até esta casa. Excecionalmente, não deveria estar sentado ali e depois, em conferência de líderes, poderemos ver onde ficará sentado”, ameaçou Pedro Pinto.

Após esta declaração, Rui Tavares, do Livre, quis juntar-se à discussão e provocou a bancada do Chega, dizendo que deveria haver um "pedido de desculpas" por terem escolhido Miguel Arruda para integrar a bancada parlamentar.

Os ânimos exaltaram-se de tal forma que Aguiar-Branco teve de suspender os trabalhos e pedir aos líderes parlamentares para se dirigirem ao gabinete, com o objetivo de chegarem a um consenso sobre o lugar que Miguel Arruda deveria ocupar.

A pausa, que deveria ter a duração de cinco minutos, prolongou-se para dez e, durante essa interrupção, foi possível ver, num ambiente mais informal, a deputada do Chega Rita Matias a discutir com deputados do PSD.

Quando regressaram do gabinete de Aguiar-Branco, no final da interrupção, Miguel Arruda acabou por ficar sentado exatamente no mesmo sítio onde estava inicialmente, na última fila da bancada parlamentar do Chega, mas com uma pequena diferença. Ao início, o ex-deputado do Chega ainda tinha alguns deputados ao lado. Agora não tem nenhum. É uma espécie de 'cordão sanitário' do partido em torno do antigo deputado.

Recorde-se que Miguel Arruda, deputado eleito pelo Chega, desfiliou-se do partido e vai manter-se no Parlamento como não inscrito, na sequência da polémica que o associa ao alegado furto de malas em dois aeroportos (em Lisboa e Ponta Delgada) e que terão levado as autoridades a fazer buscas e a constituí-lo como arguido.

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O açoriano apontou que, enquanto se defende, não pode estar "conotado com qualquer tipo de partido", apesar de ter reiterado que dorme "descansado e de consciência tranquila", por estar "inocente". Entretanto, a descoberta de uma conta na Vinted adensou a trama.

Daniela Filipe | 08:37 - 24/01/2025

O deputado disse, numa entrevista à CNN Portugal, na quinta-feira, que já tinha pedido ao Parlamento o levantamento da imunidade parlamentar, por forma a 'acelerar' estes esclarecimentos.

Questionado sobre se tinha efetivamente furtado as malas, Miguel Arruda alegou que transportava malas que "eram suas" entre o continente e o arquipélago dos Açores e que algumas destas estariam vazias quando eram trazidas para o continente, mas seguiram de volta para a sua mulher e para as suas filhas com algum material, porque há encomendas que em Portugal continental se recebem mais rapidamente.

Arruda foi ainda questionado sobre a que tipo de encomenda se referia, esclarecendo: "De vários sites como, por exemplo, Vinted, AliExpress, Shein, Temu".

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