"Alguns dos partidos com assento na Assembleia Regional têm a capacidade de propor moções de censura e moções de confiança. E entendemos que o momento é disso mesmo. Já não estamos num momento de debates de urgência, nem sequer de comissões de inquérito parlamentar", afirmou o líder do JPP/Açores, Carlos Furtado, em conferência de imprensa, na sede regional do partido, na Lagoa, São Miguel.
O dirigente, cujo partido não tem assento no parlamento regional, considerou que a atuação do executivo e os "casos e casinhos" que têm surgido "são matéria mais do que suficiente para [a apresentação de] moções de confiança e moções de censura".
"Desafiamos os partidos com responsabilidade na Assembleia Regional e que têm capacidade para o fazer, para se chegarem à frente", disse, referindo-se ao PS e ao Chega.
Carlos Furtado garantiu que, caso o JPP estivesse na condição desses partidos, era o que faria: "Não hesitaríamos em apresentar uma moção, neste caso de censura, à atual situação do Governo Regional dos Açores, porque entendemos que, acima de tudo, a região não é feita para ser gerida politicamente".
O Coordenador Regional do JPP/Açores não acredita que os partidos da oposição apresentem uma moção de censura ao executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, porque "não têm a audácia suficiente para o fazer".
"Preferem jogar no deixa andar, porque não querem eleições, porque têm medo dos resultados eleitorais que podem advir dessa situação", justificou.
Ainda assim, admitiu que, "um dia, vai surgir a moção de censura, mas já tarde", lembrando que também propôs há cerca de seis meses uma comissão de inquérito parlamentar, por causa do incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, que só agora foi apresentada.
Carlos Furtado também criticou o executivo e os partidos da oposição, pela "ineficaz solução encontrada para o restabelecimento" do maior hospital do arquipélago.
O grupo parlamentar do PSD/Açores requereu na sexta-feira ao presidente da Assembleia Legislativa Regional a criação de uma comissão de inquérito para "apuramento das causas" do incêndio no HDES.
Na quinta-feira, o PS/Açores anunciou que iria propor a criação de uma comissão parlamentar de inquérito devido ao "caos" no setor da saúde e às medidas implementadas pelo Governo Regional após o incêndio no hospital de Ponta Delgada.
O Chega/Açores também requereu o agendamento de um debate de urgência na Assembleia Legislativa, para a sessão de fevereiro, sobre o hospital de Ponta Delgada, alegando que é preciso esclarecer "todas as decisões" tomadas após o incêndio.
As reações dos partidos surgiram depois de o ex-vogal do conselho de administração do HDES António Vasco Viveiros ter dito, numa comissão parlamentar, que a construção de um hospital modular, para dar apoio à infraestrutura, foi decidida pela direção clínica e assumida pela tutela, sem que tivesse sido votada pelo conselho de administração.
António Vasco Viveiros disse ainda que, em agosto, teria sido possível reabrir na totalidade o edifício afetado pelo fogo.
O hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio em 04 de maio de 2024, que obrigou a deslocalizar serviços e doentes do HDES para outras unidades de saúde na região, para a Madeira e para o continente.
Entretanto, o executivo dos Açores instalou um hospital modular para garantir a transição até à requalificação estrutural do HDES.
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