"Rocha, Rocha" ecoou, este domingo, pela voz da maioria dos membros da Iniciativa Liberal (IL), durante a IX Convenção Nacional, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures.
Com 73,4% dos votos, Rui Rocha foi reeleito para um segundo mandato de dois anos à frente da IL onde prometeu um partido "mais ativo" no tema da segurança.
O foco do presidente reeleito foi saudado pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que esteve na IX Convenção Nacional da IL e apontou uma "atitude construtiva" no discurso de encerramento de Rui Rocha, sublinhando que os liberais ajudam o Governo a não ficar "sozinho no espaço moderado, equilibrado e dialogante que tenta agregar e mobilizar toda a sociedade portuguesa".
Noutras reações às propostas apresentadas pela Iniciativa Liberal nesta convenção, Carlos Coelho, vice-presidente do PSD, saudou o ênfase dado por Rui Rocha à necessidade de reduzir impostos e acelerar a economia, ressalvando que "é isso que o Governo tem estado a fazer".
Apesar do presidente reeleito da IL ser, por um lado, elogiado face ao foco na segurança, surgem outras vozes políticas que criticam a escolha, como foi o caso do Partido Socialista (PS). João Torres, membro do Secretariado Nacional do PS, saudou a reeleição do líder dos liberais, mas criticou as ideias que defendeu no seu discurso.
Referiu que as ideias defendidas pela IL "estão, em muitas matérias, nos antípodas" das do PS, "são lesivas" para o país e até "consideradas extremistas até por partidos políticos que integram as formações europeias que a IL integra".
João Torres acusa a IL de ser "uma iniciativa radical na economia, radical no sentido da privatização, radical no sentido também da desregulação e isso levaria, evidentemente, a um país sem Estado. E nós sabemos que o Estado, em particular o Estado Social, é fundamental para melhorar e valorizar a qualidade de vida dos nossos concidadãos residentes em Portugal".
Por sua vez, o Chega também se pronunciou e acusou os liberais de hipocrisia. A vice-presidente Marta Silva acusou o partido de ter anunciado propostas que o Chega tinha outrora apresentado e que os liberais nunca apoiaram no parlamento quando foram apresentadas pelo partido de André Ventura, nomeadamente a expulsão de migrantes que cometam crimes graves ou sejam reincidentes.
"Querem parecer diferentes, mas na verdade apresentam-se reféns do politicamente correto e agarrados a uma política demasiado académica e totalmente desligados da realidade do país", referiu Marta Silva.
Nurin Mirzan, do grupo de contacto do Livre (órgão executivo do partido), sublinhou que a IL é "assente no enfraquecimento do Estado e na política do salve-se quem puder", enquanto o Livre defende "a justiça social e a justiça climática", destacando as diferenças entre os dois partidos.
A dirigente do Livre considera que "a IL é muito limitada em termos de propostas" e que "não tem respostas a dar" para combater a crise climática, "as medidas para a habitação apenas agravam o enorme problema" e na saúde propõe "nada pouco mais do que a privatização do SNS, o que teria resultados catastróficos para o país e significaria um retrocesso de décadas".
A falta de medidas para abordar os problemas como a habitação foram também sublinhadas pelo PAN. Pedro Fidalgo Marques felicitou a nova direção eleita pelo partido, mas acusou Rui Rocha de se esquecer de "grande parte das pessoas" no seu discurso.
"O que nós precisamos realmente é de pensar nas pessoas, temos que pensar no que as pessoas precisam e é todas as pessoas, todo o povo, da classe mais baixa à classe mais alta, o que for, não é só focar nos interesses instalados, não é só focar nas riquezas e nos lóbis que estão instalados", defendeu.
As diferenças partidárias foram também apontadas pelo porta-voz do CDS-PP, Duval Tiago Pereira, que sublinhou que os liberais "não concorrem diretamente com o eleitorado e a ideias fundamentais" dos centristas.
"A IL tem ideias e toda a legitimidade para defendê-las, muitas delas claramente que são válidas, mas que, no geral, não têm o posicionamento do CDS e mesmo do PSD. E, portanto, o posicionamento, pelo menos com o Rui Rocha, é hoje um posicionamento muito mais à esquerda do que era com Cotrim de Figueiredo", referiu Duval Tiago Pereira.
Este domingo, Rui Rocha anunciou ainda que Mariana Leitão é a candidata da IL à Presidência da República.
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