"Eu não excluo nenhuma candidatura, seja ela à junta de freguesia, seja ela a qualquer outro lugar", afirmou Augusto Santos Silva em declarações aos jornalistas na Livraria da Travessa, em Lisboa, onde apresentou hoje o seu novo livro, 'Poder', numa sessão que contou com a presença do ex-presidente do parlamento Eduardo Ferro Rodrigues e de vários antigos ministros do PS, como Fernando Medina, Pedro Adão e Silva, Mariana Vieira da Silva ou Francisca Van Dunem.
Santos Silva, que é professor catedrático na Faculdade de Economia na Universidade do Porto, referiu, contudo, que tem "a distribuição de serviços para o próximo ano letivo já devidamente alinhavada", mas reforçou que tenciona, como tem feito "desde os 15 anos", "participar em todos os debates políticos que o país há de ter, incluindo as eleições presidenciais".
Questionado se continua a ter vontade e disponibilidade em avançar com uma candidatura, Santos Silva respondeu: "Não, continuo a ter vontade de contribuir para uma candidatura única e forte na minha área política".
Interrogado se não acha que o debate interno que está a ser feito dentro do PS fragiliza o partido, Santos Silva respondeu que "só haveria uma fragilização se acaso o PS viesse a estar dividido".
"Agora, que o PS debata e debata publicamente os perfis - e, portanto, as candidaturas a Presidente - acho uma absolutamente normal num partido democrático. Tenho pena que haja outros partidos que não fazem esse debate", afirmou.
Santos Silva considerou que se está a caminhar para uma situação em que haverá apenas dois candidatos a Belém que não serão nomeados por "diretórios partidários" - numa alusão a Henrique Gouveia e Melo e ao candidato que vier a ser apoiado pelo PS -, considerando que todos os que já anunciaram a candidatura foram uma escolha partidária.
"Estou-me a referir à candidatura do doutor Marques Mendes - que é uma decisão do PSD - à candidatura da doutora Mariana Leitão, que até foi anunciada em pleno congresso do seu partido, e à candidatura do representante da extrema-direita [André Ventura]", disse.
Sobre a reunião da Comissão Nacional do PS de sábado, Santos Silva, que é igualmente membro da Comissão Política Nacional do partido, disse esperar que haja "uma reflexão sobre o perfil" do candidato que vão apoiar.
"Devemos, em primeiro lugar, ter presente quais são as competências que a Constituição atribui ao Presidente da República. (...) Diz que o Presidente da República não é um chefe, é o mais alto magistrado da Nação, com competências e poderes que são próprios. A partir daí, é mais fácil chegar à escolha do candidato ou candidata", declarou.
Quanto à possibilidade de duas personalidades socialistas avançarem, Santos Silva respondeu: "Seria um erro que creio que não vamos cometer".
A ex-ministra e deputada do PS Mariana Vieira da Silva também esteve presente neste lançamento de livro e questionada pelos jornalistas se considera que Santos Silva daria um bom candidato à Presidência da República, respondeu: "Augusto Santos Silva, pelo conhecimento que tenho dele, pela experiência de trabalho que tenho com ele, pode sempre fazer o que quiser".
Em entrevista à RTP2 em janeiro, Santos Silva considerou que António José Seguro não cumpre os "requisitos mínimos" para ser candidato à Presidência da República, contrapondo que António Vitorino cumpre "todos esses requisitos".
Nessa entrevista, o ex-presidente da Assembleia da República garantiu ainda que "nunca" seria "candidato contra uma eventual candidatura de António Vitorino" e disse que a hipótese inversa - candidatar-se ele e Vitorino não o fazer - também era "verdadeira".
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