"Há muitos mais casos que [Ventura] soube e fingiu que não sabia"

O fundador do Chega, Nuno Afonso, comentou ainda os casos Nuno Pardal e Miguel Arruda e falou sobre a candidatura da deputada Rita Matias à Câmara de Sintra. Ventura? "Fingiu que não sabia" de casos e não "é bom candidato" a Belém

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© Pedro Pina - RTP

Notícias ao Minuto
07/02/2025 11:13 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto

Política

CHEGA

O fundador e ex-militante do Chega, Nuno Afonso, afirmou que André Ventura, "fingiu que não sabia" de casos dentro do partido, dizendo ainda que o líder do Chega não é "um bom candidato" à Presidência da República. 

 

"No livro ['Ontem éramos o futuro', um livro que fala dos bastidores do Chega da autoria de Nuno Afonso] tem muitos mais casos que [André Ventura] soube e dos quais fingiu que não sabia, que não tinha conhecimento ou que não estava presente. Portanto, casos que ele acabou por escamotear e dos quais tinha conhecimento e alguns graves até. A demonstração que ele está a dar agora de que o líder é um 'vingador' e que acaba por se sobrepor à polícia, como ele tentou fazer passar na questão das malas, é um líder que, atrás, não fez isso. Neste momento, está a ser um bocado incongruente com aquilo que fez no passado", disse Nuno Afonso em entrevista à SIC Notícias.

O ex-militante do partido revelou ainda que "são vários casos", dando o exemplo de um deputado "que se envolveu em altercações físicas com um funcionário do partido" ou de "autarcas com casos de violência doméstica" que André Ventura "sabia". Casos que Nuno Afonso diz descrever no livro que agora lançou.

Questionado sobre se sabia destes casos e se fez queixa, Nuno Afonso disse saber, e que eram "casos que já estavam na justiça e que não havia grande sentido apresentar queixa". 

Revelou ainda que descobriu, através de e-mails, quando fazia pesquisa para o seu livro, "a questão de ele [André Ventura] ter tentado, em 2015, fazer um movimento contra Passos Coelho dentro do próprio PSD". 

Acerca do livro que escreveu, o fundador do Chega salientou que a sua ideia era "que as pessoas tivessem conhecimento da história [...] tudo aquilo que, factualmente, aconteceu e de que há provas". 

"O livro chama-se 'Ontem éramos o futuro' e é aquilo que eu considero, e creio que a maior parte dos fundadores do partido, que devia ser o percurso do partido e que depois foi completamente desvirtuado. O livro é mais sobre isso e sobre política, não falo de questões pessoais", afirmou. 

Sobre o facto de ter reportado vários casos a André Ventura e questionado sobre se o caso de Nuno Pardal foi um deles, Nuno Afonso disse que aconteceu já quando tinha saído do partido. 

"O André Ventura tenta mostrar que não há responsabilidade e ele não tem, de facto, culpa daquilo que Nuno Pardal fez ou daquilo que Miguel Arruda fez. Obviamente que a responsabilidade não é diretamente dele, mas, a verdade, é que num partido onde não há escrutínio nenhum, onde não é permitido alguém ter uma opinião divergente, isto afasta as pessoas que querem, de facto, mudar alguma coisa, e que querem trazer uma opinião e discutir uma ideia [...] Há pessoas expulsas por delito de opinião no partido, isto já aconteceu e, inclusivamente, houve um caso em tribunal em que depois o militante teve de ser reintegrado novamente", destacou.

Nuno Afonso revelou ainda que se, dentro do partido, "se levantar a voz numa direção oposta ou ligeiramente divergente com o presidente é apelidado rato, tachista, de abutre, como acontece a toda a gente", referindo que passou por isso. 

Já sobre se vê um Chega mais radicalizado, o ex-militante admitiu não perceber "a ideologia do partido neste momento".

Sobre o caso de Miguel Arruda, Nuno Afonso disse não conhecer o, agora deputado não inscrito e quando questionado sobre de que forma interpretou a decisão do mesmo se manter no Parlamento respondeu que "é uma decisão muito pessoal". 

"Eu creio que aquilo é uma questão muito pessoal e que ele [Miguel Arruda] se sentiu traído pela forma como André Ventura o tratou. Já houve vários casos em que o André Ventura preferiu ficar calado ou teve atitudes diferentes , com Miguel Arruda, ainda estava nos Estados Unidos e atirou-o logo para debaixo do comboio, automaticamente considerou-o culpado [...] eu acho que ele se deve ter sentido traído e, por isso, quis manter-se no parlamento", acrescentou. 

Nuno Afonso é vereador independente da Câmara Municipal Lisboa. Autarquia que nas eleições autárquicas contará com Rita Matias como candidata do Chega. 

"Vejo na Rita uma rapariga com potencial e, no início do partido, eu fui das pessoas que mais tentou puxar por ela. Na verdade, a Rita sofre de um problema que vejo na maior parte das pessoas que acabam por trabalhar diretamente com André Ventura, acabam a fazer coisas que eu não as via a fazer quando as conheci [...] André Ventura consegue retirar um bocadinho o pior das pessoas", acrescentando que quem está à volta do presidente do partido "quer tanto agradar que acabam por ter comportamentos que de outra forma não teriam".

Embora reconheça potencial em Rita Matias, disse não ver "potencial autárquico", mas que foi uma "boa jogada" do Chega. 

Já questionado sobre se André Ventura é o melhor candidato à Presidência da República, respondeu: "Não, de maneira nenhuma". 

"Não acho que André Ventura seja um bom candidato. Eu acredito que é preciso haver integridade [...] um bom líder tem que saber o caminho para onde vai, não só o objetivo, e o caminho que quer traçar. O que vejo ali é um partido completamente à deriva, a viver da espuma dos dias porque não tem um caminho, não há uma direção que eles queiram seguir. Querem chegar ao poder e vão fazê-lo da maneira que der para lá chegar", observou Nuno Afonso.  

Leia Também: Polémicas? Ventura reconhece "momento desafiante", mas quer "dar a cara"

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