"Se o PS e o JPP merecerem a confiança da maioria dos madeirenses, não será seguramente a Iniciativa Liberal que vai dizer que eles não podem governar. Portanto, aí quem manda são os madeirenses", afirmou, explicando que tudo vai depender dos "equilíbrios parlamentares".
Gonçalo Maia Camelo, também líder da estrutura regional da IL, falava aos jornalistas após a entrega da lista de candidatos no Tribunal da Madeira, no Funchal.
"A nossa posição é muito clara: nós não viabilizaremos nenhum governo que seja liderado pelo Dr. Miguel Albuquerque [atual chefe do executivo social-democrata]", disse, para logo reforçar: "Viabilizaremos qualquer outro governo que mereça a confiança dos madeirenses, seja de direita ou de esquerda, e que obtenha a maioria dos assentos na Assembleia".
O cabeça de lista da IL sublinhou ser importante que o PSD esclareça o que fará se não obtiver maioria absoluta, vincando que todos os restantes partidos deviam também esclarecer de antemão qual a sua posição num cenário de maioria relativa.
Gonçalo Maia Camelo disse, por outro lado, que o objetivo da IL é "crescer em número de votos e, se possível, de mandatos".
"Acreditamos piamente e seriamente que somos um dos poucos partidos, se não mesmo o único partido, que pode contribuir para a mudança na Madeira", declarou.
O partido tem atualmente um representante no parlamento madeirense, sendo que nas últimas eleições regionais, realizadas em maio do ano passado, obteve 3.481 votos (2,61%), tendo sido a sexta força política mais votada num total de 14 concorrentes.
O candidato realçou que a IL apresenta agora uma "lista renovada", da qual não consta o atual deputado Nuno Morna.
"Somos o único partido que não aposta nas mesmas pessoas. As outras listas são todas requentadas", disse, reforçando: "Nós apresentamos pessoas novas, pessoas com ambição, pessoas que são reconhecidas nas suas atividades profissionais, pessoas que não têm qualquer dependência da política e, portanto, que estão empenhadas num projeto transformador da Madeira".
Na lista da Iniciativa Liberal, seguem-se Sara Jardim, António Nóbrega e Humberto Faria.
O Governo Regional minoritário do PSD foi derrubado em 17 de dezembro de 2024 com a aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles -- Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura - foi arquivado pelo Ministério Público.
A aprovação da moção de censura, inédita no arquipélago, implicou, segundo o respetivo o Estatuto Político-Administrativo, a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho do mesmo ano, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.
Face a esta situação política, e depois de convocar o Conselho de Estado, em 17 de janeiro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a decisão de dissolver o parlamento madeirense e convocar novas eleições regionais antecipadas para 23 de março -- o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.
O parlamento da Madeira é constituído por 47 deputados, sendo atualmente 19 do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP (partido que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas), um da IL e um do PAN.
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