O antigo ministro e militante do Partido Social Democrata (PSD) Miguel Macedo morreu esta quinta-feira, e, depois do anúncio da sua morte, vários responsáveis políticos, para além do partido de que era militante, lamentaram a situação. Macedo morreu aos 65 anos, vítima de um ataque cardíaco.
Miguel Bento Martins da Costa de Macedo e Silva nasceu em Braga a 6 de maio de 1959. Advogado, licenciou-se em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de cuja Associação Académica foi dirigente.
Foi Ministro da Administração Interna, com um percurso que ficou marcado por expressivas manifestações de polícias, tendo uma delas terminado com a invasão da escadaria da Assembleia da República.
Destacou-se como responsável da Administração Interna e também como líder parlamentar do PSD, cargo que exerceu depois de Pedro Passos Coelho ter sido eleito presidente dos sociais-democratas, em 2010, cabendo-lhe enfrentar a oposição ao governo de José Sócrates a partir da Assembleia da República.
Do "choque" ao "bom homem", eis as reações
Numa nota da Presidência lê-se que foi com "muita consternação que o Presidente da República tomou conhecimento do falecimento repentino de Miguel Macedo, responsável e dirigente partidário durante décadas e, mais recentemente, analista político na comunicação social".
Marcelo apontou ainda que o antigo governante sempre revelou "uma preocupação permanente com a realidade nacional e internacional e granjeou o respeito e a consideração nos mais variados setores da vida portuguesa."
Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, lamentou a morte, referindo que Macedo era um "homem bom" que "serviu o país em várias circunstâncias". Aos jornalistas, à entrada para o Conselho de Estado desta quinta-feira, Montenegro apontou ainda que este "dedicou muito da sua vida à causa pública" e era um "homem que serviu o país em várias circunstâncias, na Assembleia da República como deputado, como líder parlamentar, no Governo como secretário de Estado, como ministro."
A atual responsável pela pasta que Macedo também serviu, Margarida Blasco, lamentou também a morte do antecessor, recordando que este foi uma "figura que marcou de forma incontornável a vida política nacional."
Já o chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, lamentou também a morte de Macedo, que considerou uma pessoa "competente, íntegra e leal."
Devastado pelo falecimento de Miguel Macedo, deixo sentidas condolências à família. Fui colega de Governo e parlamento, convivi muito com o Miguel: competente, íntegro, leal. Sofreu as agruras de injusta acusação, quebrando uma carreira irrepreensível. Todas as palavras são vãs.
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) March 13, 2025
Também o candidato à Presidência da República Luís Marques Mendes deixou algumas palavras sobre o assunto à entrada do Conselho de Estado. Visivelmente emocionado, Marques Mendes disse que estava "em estado de choque" e confessou que a última vez que falou com Macedo foi "há dois dias". "É um momento muito difícil, muito amargo. Miguel Macedo não foi apenas um político competente, [foi] uma pessoa que deu tudo ao país, tudo o que tinha e tudo o que sabia. Além disso, era uma pessoa fantástica no plano pessoal. Um homem bom, uma pessoa boa, bem formada e de caráter", destacou.
O social-democrata afirmou que Miguel Macedo era um dos seus "maiores amigos". "Éramos amigos desde os 20 anos, fizemos uma vida pessoal e política muito juntos. É um dos meus maiores amigos. Neste momento, além de estar em estado de choque, tenho de reconhecer que é uma perda irreparável", afirmou.
Já o antigo líder do PSD Rui Rio exprimiu o seu "profundo desgosto" pela morte do ex-ministro Miguel Macedo, enaltecendo um "homem íntegro e um bom amigo" que merece homenagem "mais do que ninguém".
O antigo presidente do PSD Luís Filipe Menezes lembrou o "homem bom, sensível, solidário e exemplar" com quem partilhou a bancada parlamentar do partido.
No Parlamento, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, também lembrou Miguel Macedo. "Não sei se é a intervenção mais difícil que farei num plenário da Assembleia da República, mas é certamente aquela que faço com mais dificuldade, mas ao mesmo tempo com o maior sentimento de gratidão. Hoje, o país perdeu um verdadeiro príncipe da política, alguém de uma integridade à prova de bala, de uma lealdade no combate político como era rara, de uma competência em tudo o que punha que era absolutamente ímpar", considerou, referindo que não só o PSD "perdeu o um dos seus melhores", como também "o país perdeu um dos seus melhores". "Eu perdi um grande amigo", rematou.
Também emocionado, o deputado do CDS-PP João Almeida, que foi secretário de Estado de Miguel Macedo quando este era ministro da Administração Interna, afirmou que a política lhe deu "a enorme honra de servir o país sob a sua direção".
O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, referiu que a morte de Miguel Macedo é "perda extemporânea", contando ter sido "com profunda consternação" que soube da mesma.
Já o socialista António Vitorino manifestou-se "chocadíssimo com a tristíssima notícia" da morte de Miguel Macedo, recordando a relação de "enorme cordialidade e de grande cooperação" com o ex-ministro da Administração Interna do PSD.
Numa nota, a Câmara Municipal de Braga, cidade de onde Macedo era natural, lamentou a morte, lembrando que o antigo governante "construiu um percurso notável na política nacional, sendo uma referência no seio do Partido Social Democrata e desempenhando funções de elevada responsabilidade ao longo de várias décadas. Foi candidato à Câmara Municipal de Braga em 1993, vereador de 1993 a 1997 e deputado municipal em diversos mandatos."
"A sua partida representa uma perda significativa para Braga e para o país. O Município de Braga presta-lhe homenagem pelo contributo que deu à vida pública e apresenta as mais sentidas condolências à sua família, amigos e a todos aqueles que com ele partilharam o caminho da política e do serviço à comunidade", escreveram os responsáveis autárquicos.
[Notícia atualizada às 17h38]
Leia Também: "Em choque". Marques Mendes lamenta morte de Macedo, "um homem bom"