A líder parlamentar do Partido Socialista (PS), Alexandra Leitão, disse esta sexta-feira, que "o ambiente de violência verbal, de provocação, de intimidação que se vive na Assembleia da República (AR) tem de acabar", depois de os deputados do Chega, mais uma vez, como refere, terem feito "bullying" a um membro do Parlamento.
"Basta!", atirou Alexandra Leitão, numa declaração feita a partir da AR, acompanhada de Ana Sofia Antunes, parlamentar socialista invisual que ontem terá sido insultada pelos deputados do Chega em pleno Parlamento.
De acordo com Alexandra Leitão são muitos os relatos de "difamação de pessoas inocentes", de "bullying", "assédio e intimidação, dentro e fora do plenário, com insutos e afirmações trocistas, dirigidas a deputados e em especial, a deputadas. Tudo isto tem acontecido no Parlamento português nos últimos anos, quase diariamente, diante dos olhos de todos nós".
"O grupo parlamentar do PS e outros grupos parlamentar já levaram várias destas situações às conferências de líderes, à comissão de transparência e estatuto de deputados e têm manifestado a sua indignação e repúdio dentro do plenário e nas comissões mas sem sucesso", atirou, acrescentado que estes comportamentos "têm vindo a piorar".
"Ontem atingiu-se um novo mínimo", lembrou a parlamentar socialista, "quando uma deputada do partido Chega intimidou de forma vexatória e discriminatória a senhora deputada Ana Sofia Antunes".
"Podia aqui dizer que a deputada do Chega utilizou, como aliás é costume, uma mentira, facilmente comprovável", continuou Alexandra Leitão, recordando que Ana Sofia Antunes é das deputadas mais "versáteis da bancada do PS". Mas "o que aconteceu foi de uma indignidade indizível que só pode merecer repúdio e indignação".
Assegurou ainda a líder parlamentar socialista que, na sessão plenária de ontem, "a bancada do Chega insultou outros deputados e deputadas do PS, através de ofensas gravíssimas e ignóbeis, como foi audível por todos".
Alexandra Leitão deixou ainda um agradecimento às restantes bancadas parlamentares "que assistiram e denunciaram dentro e fora do plenário esses insultos, demonstrando que há um chão comum de decência que vai para além das divergências políticas".
"O desrespeito, a má educação, a grosseria, o desrespeito, a falta de empatia, que assistimos na AR pela mão do Chega além de por em causa a dignidade do Parlamento e da Democracia é um péssimo exemplo que estamos a dar aos nossos jovens", defendeu, sublinhando que, "para quem apela à ordem, o Chega é mesmo o oposto disso".
Por fim, Alexandra Leitão anunciou que o grupo parlamentar do PS vai "estudar e propor alterações ao código de conduta no sentido de tornar mais efetivo o cumprimento destes e de outros deveres que possam ser consagrados, como, por exemplo, o dever de correção, incluindo a previsão de sanções como já existem em parlamentos de vários países e no Parlamento Europeu".
Concluindo a sua declaração com um apelo nao só aos outros partidos, como ao presidente da AR para que Aguiar Branco "colabore também nesse debate, tendo em conta as elevadas funções que desempanha, designadamente de zelar pelo prestígio da instituição parlamentar" e que este "apresente, em nome da AR, um pedido de desculpas à deputada Ana Sofia Antunes" e que, no futuro, "tudo faça para evitar a agressão verbal a que deputadas e deputados estão hoje sujeitos neste ambiente de degradação do Parlamento".
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