O social-democrata Jorge Moreira da Silva, disse olhar com "muita preocupação" para o atual momento vivido em Portugal, afirmando recear que os dirigentes do Partido Social Democrata (PSD) "não tenha percebido o verdadeiro impacto desta crise" política.
Esta posição do antigo candidato à liderança do PSD, vencido por Luís Montenegro nas últimas eleições diretas do partido, foi partilhada, este domingo, num grupo de WhatsApp que mantém desde a candidatura de 2022, avança o Expresso.
"O que está a acontecer revela muito sobre o país e o estado do PSD", disse numa mensagem, segundo cita o semanário, acrescentando que acompanha a situação "em permanência e com muita preocupação".
"Receio que os dirigentes do PSD (nacionais e distritais) não tenham percebido o verdadeiro impacto deste crise na relação com os eleitores e no futuro próximo do PSD", escreveu ainda o também antigo vice-presidente do partido.
Moreira da Silva, que é subsecretário-geral da ONU, disse ainda àqueles que o apoiaram que foram dadas todas as condições à atual liderança do PSD e que não vai passar a ser "oposição interna". "Impedido de se pronunciar publicamente sobre a situação política" face às funções que desempenha na organização, pede aos apoiantes, que o têm contactado, segundo o Expresso, que aguardem "com serenidade".
"A esta liderança do PSD foram dadas todas as condições e, ao contrário do que sempre aconteceu no partido, não fomos oposição interna. E não é agora que o passaremos a ser", disse, lembrando que com a sua candidatura, em 2022, o PSD teve "uma verdadeira oportunidade de refundação".
O Parlamento debate na próxima terça-feira uma moção de confiança apresentada pelo Governo minoritário PSD/CDS-PP, que tem chumbo anunciado, com o PS, que tinha anunciado dois dias antes uma comissão de inquérito ao caso, a advertir que não a viabilizará. O PSD insiste em colocar a responsabilidade por eventuais eleições antecipadas nos socialistas, desfiando-os a aprovar a moção, enquanto o partido liderado por Pedro Nuno Santos já apelou para que a moção seja retirada porque não vai mudar o sentido de voto.
A rejeição de um voto de confiança implica a demissão do Governo. O Presidente da República, face a este cenário, já antecipou que as datas possíveis para realizar Legislativas antecipadas o mais breve possível são 11 ou 18 de maio.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias - incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança.
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