"A loucura da Madeira atravessou o Atlântico e chegou a Lisboa e, infelizmente, temos de repente uma crise política que ninguém desejava", disse José Manuel Rodrigues, em declarações à Lusa, em Santa Cruz, à margem de uma ação de campanha para as eleições legislativas regionais antecipadas da Madeira, que decorrem dia 23.
Considerando que "todos os agentes políticos não estiveram bem" no processo que levou à rejeição na Assembleia da República, na terça-feira, da moção de confiança ao Governo, ditando a queda do executivo, José Manuel Rodrigues defendeu que se deveria ter tentado fazer "um acordo mínimo entre os diversos partidos no sentido de evitar esta crise política que é indesejável, não é boa para a sociedade portuguesa, não é razoável para a economia".
E, salientou que, "no final da festa, não se sabe se sairá uma solução das eleições ou se ficará tudo na mesma".
"Acho que estamos a viver um período de quase insanidade política no nosso país, que curiosamente começou na Madeira", acrescentou.
A crise política foi desencadeada há cerca de um mês após notícias sobre uma empresa familiar que pertenceu ao primeiro-ministro, a Spinumviva, levando à apresentação de duas moções de censura do Chega e do PCP, ambas chumbadas. Face às dúvidas que os partidos continuaram a manifestar, o primeiro-ministro anunciou a apresentação de uma moção de confiança, rejeitada na terça-feira, que provocou a queda do Governo.
As dúvidas sobre antiga empresa de Luís Montenegro (PSD), que antes de ir para o Governo passou à mulher e mais recentemente aos filhos, levou o PS a defender uma comissão parlamentar de inquérito para produzir resultados num prazo de 90 dias.
No debate em plenário, o Governo admitiu retirar a moção de confiança caso o PS reduzisse o tempo do inquérito para 15 dias, mas o PS rejeitou.
Ainda durante o debate, o PSD propôs ao PS que o inquérito durasse até final do mês de maio, ou seja, cerca de dois meses, proposta também rejeitada pelo PS. O requerimento do PS para uma comissão de inquérito propunha um prazo de até 90 dias.
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