"Para que fique claro e sem qualquer dúvida, nós entramos num novo processo de eleições legislativas nacionais e eu não serei, obviamente, candidato à Assembleia da República", declarou, referindo-se à queda do Governo minoritário do PSD/CDS-PP e à provável marcação de eleições nacionais antecipadas para maio.
Paulo Cafôfo, que falava aos jornalistas no âmbito de uma ação de campanha, no centro do Funchal, disse estar focado apenas no panorama regional.
"Eu sou candidato a presidente do Governo Regional, estou aqui num projeto para termos uma maioria política que nos permita governar com estabilidade e realizar os compromissos que estamos a estabelecer com os madeirenses e com os porto-santenses", afirmou, para logo reforçar: "Portanto, essa questão fica desde já esclarecida para que não haja qualquer dúvida".
Um dos compromissos do PS é a valorização das carreiras da Administração Pública regional e o respeito pelos funcionários públicos, conforme explicou o cabeça de lista, sublinhando que esta é a mensagem da campanha no dia de hoje, baseada no contacto direto com a população nas ruas do Funchal.
"O Governo Regional é o maior empregador da nossa região, são mais de 28 mil pessoas na Administração Pública ao serviço dos madeirenses e dos porto-santenses e é preciso valorizá-los, porque, em primeiro lugar, é preciso que tenham nas suas carreiras uma progressão mais rápida do que têm tido", disse.
Paulo Cafôfo considerou "muito injusto" que trabalhadores com cerca de 20 anos de carreira aufiram basicamente o mesmo dos que entram agora no quadro.
"Por outro lado, [é preciso] respeitá-los", alertou, considerando ser necessário "criar um ambiente político" em que os funcionários públicos "não sejam utilizados de forma partidária pelo partido que governa a região".
"Aquilo que eu desejo é que um funcionário público não seja um funcionário partidário, porque não deve ser, essa não é a sua missão", afirmou, assegurando que este é um compromisso do PS enquanto partido que quer ser governo.
"Posso aqui dar a garantia que não irão existir funcionários públicos saneados, não haverá vinganças, represálias, funcionários na prateleira ou substituições intempestivas de dirigentes ou funcionários", prometeu, para logo reforçar: "Um funcionário público pode ter a sua opinião e a sua opção partidária, pode manifestar uma opinião divergente do partido que está no governo e mesmo assim ser um funcionário que zela pela instituição que serve e tem brio profissional."
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no dia 23, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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