A antiga eurodeputada socialista Ana Gomes aponta responsabilidades a Luís Montenegro pelo regresso dos portugueses às urnas, para as eleições legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, e afirma que ele "nunca retirou a moção de confiança", que foi rejeitada no Parlamento e levou à posterior queda do Governo.
"Foi ele [primeiro-ministro] que apresentou a moção de confiança, podia ter retirado - até vimos aquelas 'jigajogas' do Partido Social Democrata (PSD) , parece que à última hora estava com hesitações e com arrependimento - mas, de facto, o primeiro-ministro nunca retirou a moção de confiança", diz a socialista.
No espaço de comentário na SIC Notícias, este domingo, Ana Gomes mostra preocupação pela forma como o primeiro-ministro "arrebanhou o PSD" e ainda como tem o partido "amordaçado".
"PSD sempre foi um partido bastante crítico e autocrítico e de repente está todo atrás do líder e o líder está a levá-lo para um caminho muito perigoso", reitera a socialista.
A antiga eurodeputada recorda ainda as "tiradas" feitas pelo presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco, numa reunião à porta fechada do Conselho Nacional do PSD, onde, alegadamente, terá dito que Pedro Nuno Santos fez "pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos".
"Soubemos de tiradas como a de Aguiar-Branco, que acho absolutamente inqualificável, enfim, digna de Aguiar-Branco que acho que foi um péssimo presidente da AR que esteve sempre a fazer fretes”, acusa Ana Gomes.
Após ter revelado que tinha feito uma das três queixas relacionadas com a Spinumviva, que consequentemente levaram o Ministério Público a abrir uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e com a empresa da família de Luís Montenegro, a socialista sublinha que "não é uma denúncia", e que limitou-se "a juntar as peças do puzzle na base de toda a informação que já era pública".
"Tenho particular preocupação com este setor dos casinos, que é um setor muito vulnerável. Há instrumentalização pela criminalidade organizada, transnacional, para efeitos de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo", enumera Ana Gomes, justificando que já trabalhou na legislação europeia dessa matéria e lidou com casos relacionados com o tema.
A "participação", como a classifica, levou a Solverde a ameaçar a antiga eurodeputada com um processo, sendo que Ana Gomes desvaloriza e responde: "Terei todo o gosto em esmiuçar tudo aquilo que disse".
Sobre o tema das legislativas antecipadas, a socialista refere ainda que as campanhas devem sustentar-se em temas como a habitação "que dificulta tremendamente a vida dos portugueses e em particular dos mais vulneráveis", na saúde, onde acusa que "o projeto do PSD é só um: privatização", nomeadamente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e Segurança Social (SS), e de forma sarcástica reitera que "aquelas pessoas que foram feridas numa explosão na Trafaria devem ter ido telefonar primeiro antes de ir para a urgência".
Além disso, aponta ainda questões centrais como a "legalização dos imigrantes", para "permitir o crescimento económico do país", o salário nacional, isto é, definir "que modelo económico queremos", apela a uma "distribuição da carga fiscal mais justa" e refere ainda a necessidade de abordar o tema do investimento na "defesa nacional e europeia".
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