"Nestas eleições quem é que vai decidir? São os madeirenses, mas principalmente aqueles que estão neste momento indecisos", disse hoje o também líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, durante uma ação de campanha numa das principais ruas de comércio do centro do Funchal.
Notando que os indecisos serão eleitores que "não vão votar no PSD", que "estão descontentes" e poderão mesmo pensar em abster-se, Paulo Cafôfo alertou que "quem acha que não vale a pena votar e está descontente vai contribuir para que tudo continue igual".
"É muito importante que se está descontente e não quer que continue igual que vote, porque senão vão ficar as coisas ainda piores", argumentou.
Por outro lado, continuou, os eleitores ainda indecisos poderão dispersar os seus votos e isso será "desperdiçar a oportunidade de mudança, porque quando se dispersam os votos por partidos que não terão hipótese de ser solução governativa" estar-se-á a beneficiar o PSD, que governa a região há quase 50 anos.
"Para não beneficiar, nem favorecer o PSD, só há uma forma, que é votar no maior partido da oposição, aquele que está em condições de formar Governo, um Governo que possa ser uma solução para os problemas das pessoas, um Governo que seja duradouro e não um Governo a prazo constituído por arguidos que, a qualquer momento, podem ser levados pela justiça", acrescentou, numa alusão às investigações judiciais que envolvem membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque.
"A convergência de votos no PS é a única garantia e, por isso, o apelo aos indecisos, aqueles que pensam em não votar, votem para as coisas ficarem melhores e não para piorarmos aquilo que já existe, porque isso ninguém quer", insistiu.
Questionado sobre a sondagem hoje divulgada pelo JM, que coloca o PSD à beira da maioria absoluta e o PS a perder um deputado, passando a 10 parlamentares, o cabeça de lista socialista desvalorizou o estudo de opinião, assegurando que a "sondagem não é, nem será, o resultado de dia 23 de março".
"A nossa sondagem é esta que encontramos nas ruas, que ainda agora encontrei este senhor que disse que era do PSD, mas que não vota em Albuquerque e vai votar no PS e em mim", referiu.
A sondagem da Intercampus decorreu entre 05 e 13 de março, com uma amostra de 801 entrevistas a maiores de 18 anos recenseados na Região Autónoma da Madeira.
A sondagem indica que o PSD poderá chegar aos 38,4% dos votos, com 24 deputados, seguido do PS, com 16,7% e 10 deputados e do JPP, com 10,7% e seis parlamentares. O Chega terá 5,4%, com três deputados, a IL 2,8%, com um parlamentar, e o CDS-PP 2,5% dos votos, também com um mandato. A CDU poderá regressar ao parlamento, também elegendo um deputado, com 1,8% dos votos, e o PAN manterá a deputada única, com 1,7%.
Ainda segundo o estudo de opinião, 18% dos eleitores estão indecisos em quem votar no domingo.
Apesar de Paulo Cafôfo ter encontrado a manchete do JM "PSD espreita a maioria" em várias mesas das esplanadas da Rua Dr. Fernão de Ornelas, esse não foi motivo de conversa com os madeirenses com quem foi conversando durante a hora que demorou a descer a artéria, com incentivos a que "não desista".
"Já tenho 75 anos e sempre votei PS, também não vou desistir", assegurou uma senhora a quem o líder do PS/Madeira ofereceu uma caneta e um 'flyer' com as principais propostas do partido.
Na resposta, Paulo Cafôfo repetiu: "Temos de votar para poder mudar. Quem quer mudar tem de votar no PS".
Às legislativas de domingo da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, concorrem 14 candidaturas que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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