A contratação de Maria Luís Albuquerque pelo grupo britânico Arrow Global, que tem em Portugal clientes como o Banif, Millennium BCP ou Montepio, é "uma situação verdadeiramente inaceitável" e que "deve ser investigada", disse Catarina Martins.
"Maria Luís Albuquerque foi trabalhar para a empresa que lucrou com o que fez no Banif, ao arrastar a situação", que tem neste momento "a faca e o queijo na mão para continuar a lucrar com a forma como forem geridos os ativos que ainda estão no Estado", sublinhou a porta-voz do BE.
A dirigente bloquista frisou que a ex-ministra das Finanças e atual deputada do PSD "está a trabalhar para um fundo abutre que lucra com a fragilidade do sistema financeiro português e que lucra com os ativos tóxicos que estão na mão do Estado português".
Catarina Martins frisou que a Arrow Global "fez dinheiro comprando crédito mal parado ao Banif", quando o Banif "e todo o sistema financeiro era tutelado por Maria Luís Albuquerque", recordando também que este grupo britânico comprou a Whitestar, empresa "que está a avaliar neste momento os ativos do Banif que o Santander não quis e que estão no Estado".
"Vamos ter a comissão de inquérito do Banif e há muitas perguntas que têm de ser respondidas", disse ainda Catarina Martins, que falava aos jornalistas à margem de uma visita à AMI de Coimbra, para debater as propostas do Orçamento do Estado 2016 de combate à pobreza.
Maria Luís Albuquerque afirmou hoje que a contratação não tem "nenhuma incompatibilidade ou impedimento legal" com atuais ou anteriores funções políticas.
A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque foi nomeada para diretora não executiva do Arrow Global, grupo britânico de gestão de crédito, com efeitos a 7 de março.
Segundo uma apresentação a investidores do verão em 2015, publicada na página do grupo na Internet, a Arrow Global gere em Portugal uma carteira de crédito de 5,5 mil milhões de euros, tendo entre os clientes os bancos Banif, Millennium BCP, Montepio, Santander, Banco Popular, entre outros.
No setor não financeiro, entre os clientes da Arrow Global estão as companhias de seguros Açoreana e AXA, bem como a empresa de telecomunicações Vodafone.
No ano passado, a Arrow Global adquiriu a Whitestar por 48 milhões de euros à Carval Investors, que tinha cerca de 300 colaboradores em Portugal.
A Whitestar, que operava no mercado nacional desde 2007, pertenceu ao falido Lehman Brothers e esteve depois sob gestão da consultora Pricewaterhousecoopers (PwC) até 2014, quando foi vendida à Carval.