João Torres falava na sessão solene comemorativa dos 42 anos do 25 de Abril de 1974 em nome do Grupo Parlamentar do PS, num discurso em que referiu pertencer a uma geração que "não viveu o combate à ditadura de [Oliveira] Salazar e Marcelo Caetano", que "não sofreu na pele perseguições políticas" e que "não experimentou a restrição das mais básicas liberdades em Portugal".
No entanto, logo a seguir, o líder da JS criticou o "galopante crescimento das desigualdades", considerando não ser "fácil compreender que uns fiquem cada vez mais pobres e outros cada vez mais ricos".
"Não é fácil aceitar que o salário de uns seja pouco superior a 500 euros e o de outros superior a 50 mil euros. Não é fácil aceitar que uma elite avolume fortunas imorais em paraísos fiscais quando o cidadão comum mal consegue pagar as despesas do dia-a-dia", disse.
João Torres advogou mesmo que "o desemprego, a precariedade e a emigração representam uma trilogia de sonegação de direitos sociais".
"O desemprego é uma condição primordial na geração de desigualdades, a precariedade corporiza a escravatura reinventada na contemporaneidade e a emigração forçada desestrutura projetos de vida de centenas de milhares de jovens, a quem foi dito que em Portugal não têm lugar. São os 'refugiados' da nossa incapacidade económica e social", sustentou.
Na sua intervenção, o líder da JS lamentou ainda que a voz dos jovens fique "vezes demais para trás" e defendeu que o problema dos jovens com a política "reside em algo extraordinariamente simples: nos resultados da ação governativa".
"Os portugueses podem, hoje, encontrar no Governo do seu país uma inquestionável vontade de corrigir as desigualdades, de devolver esperança a um povo ferido, de recuperar para a Europa o sentido solidário de outros tempos. Para devolver credibilidade à política, urge apontar o caminho para um novo ideal de justiça, não na forma como os sacrifícios são pedidos, mas na forma como a riqueza é repartida", acrescentou.