"O Governo tem obrigação de intervir num conflito com consequências económicas e sociais dramáticas porque não há nenhum alteração de fundo no setor portuário. Não há nenhuma razão objetiva para que um posto de trabalho permanente passe a ser precário. Não há razão de fundo para qualquer despedimento coletivo", disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante uma visita a infraestruturas do município de Loures.
O presidente do Sindicato dos Estivadores classificou hoje de "terrorismo psicológico" e "atentado ao Estado de direito" o anúncio de um despedimento coletivo por parte dos operadores portuários e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar a retirada de contentores retidos.
António Mariano reagia assim, em declarações hoje à Lusa, ao anúncio pelos operadores do Porto de Lisboa de que vão avançar com um despedimento coletivo por redução de atividade e à presença de uma equipa da PSP esta manhã na zona de Alcântara, numa medida de prevenção para a retirada de contentores retidos há cerca de um mês, quando começou a greve dos estivadores.
A bancada parlamentar do PCP apresentou na segunda-feira um requerimento na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, da Assembleia da República, para ouvir em audição representantes dos estivadores e dos operadores portuários.
"Estas questões têm de ser tratadas e não devemos olhar apenas para as consequências de uma greve -- do recurso a uma forma suprema de luta -- porque os trabalhadores não têm mais nada. Têm esta ameaça de despedimento ou de precarização", sublinhou Jerónimo de Sousa referindo-se à iniciativa parlamentar dos comunistas.
O secretário-geral do PCP referiu também que é importante verificar a raiz do conflito, porque as empresas portuárias decidiram "eliminar radicalmente" o contrato e o posto de trabalho efetivo dos estivadores.
"Vêm com a ameaça de despedimento coletivo e resolver, por esta forma mais violenta, o problema que têm em relação com o contrato coletivo e à questão do vínculo laboral. Nós consideramos que é importante uma intervenção do Estado em defesa da contratação coletiva e que impeça o despedimento de quem luta pelos seus direitos", acrescentou Jerónimo de Sousa.