Uma posição de António Costa no final do debate quinzenal no parlamento que se seguiu a uma intervenção do presidente do Grupo Parlamentar do PS, Carlos César, que também se caraterizou por um ataque cerrado às bancadas do PSD e do CDS-PP.
No plano ideológico, o presidente do PS defendeu a tese de que o princípio da igualdade como condição para um desenvolvimento económico e consolidação orçamental sustentáveis é neste momento a fronteira entre esquerda e direita, e criticou o PSD e o CDS-PP por "não acreditarem" que é possível em simultâneo cumprir-se uma dupla agenda de respeito pelos compromissos internos e externos.
Desta vez, Carlos César juntou nas suas críticas Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas: "A líder do CDS-PP, que eu não acho que seja uma sobra do seu partido e que não acho que seja uma excrescência da direita parlamentar, acha que essas duas agendas são inconciliáveis, mas este Governo está a provar o contrário", sustentou.
Mais à frente o líder da bancada socialista referiu-se com ironia às conversas informais sobre a durabilidade de Pedro Passos Coelho e de Assunção Cristas enquanto líderes do PSD e do CDS, respetivamente.
"Fazem-se apostas se o senhor deputado Pedro Passos Coelho cai por causa das eleições nos Açores ou das eleições autárquicas e se a deputada Assunção Cristas perde ou não as suas oportunidades justamente por causa dessas eleições. Acho que nem um nem o outro vão cair: Aguentem, aguentem", comentou.
O primeiro-ministro repetiu depois uma fórmula antes utilizada por Carlos César, segundo a qual o país está perante "um Governo novo e uma oposição velha, que se encontra bloqueada num discurso passadista, como se a sua principal função fosse a conservação do património arqueológico dos seus quatro anos de governação".
"A oposição segue dois estilos: A exploração da decimazinha e o toca e foge. Ainda há 15 dias o seu grande tema era o dos contratos de associação com os colégios, mas, hoje, depois de garantido que o Governo cumpre escrupulosamente a lei, a oposição nem sequer agora referiu o tema dos colégios e meteu a viola no saco, como se diz em bom português", declarou António Costa, recebendo uma prolongada salva de palmas da bancada socialista.
Mas o primeiro-ministro foi mais longe neste tema referente aos contratos de associação, dizendo que aquilo que "era dramático" para a oposição ainda há 15 dias, hoje "nem sequer uma referenciazinha mereceu do PPD/PSD ou do CDS-PP".
"Nem um segundo de atenção aos colégios. Para esta quinzena, a preocupação da oposição era a decimazinha", disse, numa intervenção em que também acusou o PSD e o CDS-PP de nunca proporem medidas ao nível das reformas estruturais.
"Sobre medidas de fundo para o país, do PSD e do CDS ouvimos zero. Já não conseguem disfarçar o azedume que cada semana cresce porque em cada semana não se concretiza a hecatombe que esses dois partidos tinham pré-anunciado. É muito triste uma oposição cuja condição de sucesso assenta não na sua própria valia mas no fracasso alheio", advogou ainda o primeiro-ministro.
De acordo com António Costa, em seis meses de funções do seu Governo, "nenhuma das catástrofes previstas pela oposição se confirmou".
"Aquilo que se verifica é que semana após semana as dificuldades são vencidas e os compromissos são cumpridos", acrescentou.