"O que se passou ontem à noite domingo] em Espanha é muito fácil de traduzir: o grande vencedor da noite é o PP, partido que bateu no fundo em questões relacionadas com corrupção. De facto, estão muito ligados à corrupção e de uma forma como nós nunca vimos um partido em Portugal. Parece que bateram no fundo e como não há mais fundo voltaram a subir e, de certa forma, foram perdoados pelos cidadãos espanhóis", disse à agência Lusa a eurodeputada do BE.
O Partido Popular, de Mariano Rajoy, foi o mais votado nas eleições de domingo, com 137 deputados, mais 14 do que nas legislativas de dezembro, mas longe dos 176 mandatos que dão a maioria absoluta no congresso espanhol.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sanchez, ficou em segundo lugar, com 85 lugares, enquanto a aliança de esquerda Unidos Podemos, que as sondagens colocavam em segundo lugar, ficou em terceiro e elegeu 71 deputados sendo que o partido de centro-direita Ciudadanos conseguiu 32 assentos parlamentares.
Para Marisa Matias, existem condições para a formação de um Governo do PP com o apoio do partido Ciudadanos e que, "neste cenário", o PSOE poderá abster-se.
"Esta é a questão que se avizinha como a mais provável. Não creio que os espanhóis queiram ir outra vez a eleições e os partidos também não, pela terceira vez, no espaço de um ano", acrescentou Marisa Matias.
Por outro lado, a eurodeputada do Bloco de Esquerda sublinhou que a aliança de esquerda Unidos Podemos é uma "das maiores" derrotadas da noite eleitoral.
"Pese embora o que Podemos conseguiu fazer no quadro político espanhol seja extraordinário, face à expetativa que foi criada - manter o número de deputados em relação às eleições anteriores, mas perder mais de um milhão de votos - é claramente uma derrota", afirma Maria Matias, frisando, no entanto, que a nova força de esquerda mudou o quadro político espanhol.
"Mudaram completamente o mapa político em Espanha, mas não se pode colocar como alternativa para disputar o poder. [O Podemos] não conseguiu apoios suficientes para isso, só o poderia fazer se houvesse um quadro parlamentar com maioria das forças progressistas. Não é esse o quadro, nem o Podemos foi a segunda força mais votada. É óbvio que não conhecemos na Europa uma força política de esquerda, com apenas dois anos e com capacidade para eleger 71 deputados", concluiu Marisa Matias.