"A minha ideia como Presidente de Portugal é celebrar o Dia de Portugal alternadamente em Portugal e fora de Portugal. Este ano foi em Paris, onde há uma grande comunidade portuguesa. É possível que daqui a dois anos possa ser no Brasil", avançou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
No penúltimo dia da sua visita oficial de seis dias ao Brasil, o Chefe de Estado esteve com a comunidade portuguesa e luso-descente, na Casa de Portugal em São Paulo, em clima de 10 de Junho, com o hino nacional a ser entoado em jeito de fado pela cantora Fafá de Belém.
Marcelo começou o dia a depor uma coroa de flores no Monumento aos Fundadores da Cidade de São Paulo, acompanhado pelo prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT), e visitou rapidamente o histórico edifício da Estação da Luz, onde funcionou o Museu da Língua Portuguesa desde a sua criação, em 2006, até em dezembro do ano passado ter sido destruído por um incêndio.
"Há o empenho do Estado português, o empenho do Instituto Camões, há a aposta do Governo Estadual. O projeto deve estar pronto até ao final deste ano, as obras devem começar no ano que vem e estará em condições de ser inaugurado em 2018", declarou o Presidente aos jornalistas.
O Museu de celebração a língua portuguesa, caracterizado pela sua inovação e interatividade, foi criado e desenvolvido numa parceria entre a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado de São Paulo, e terá a sua revitalização paga em cerca de dois terços pelo seguro que cobria o edifício.
Para o restante investimento necessário, o Presidente disse, sem especificar, que empresas portuguesas no Brasil já sinalizaram que darão um contributo.
O Presidente foi recebido antes na Casa de Portugal num ambiente festivo, entrando por um corredor formado por portugueses e luso-descendentes vestidos com trajes tradicionais do Minho, ao som do hino de Portugal, interpretado por Fafá de Belém.
A Casa de Portugal em São Paulo tem sido um local obrigatório para todos os chefes de Estado e de Governo em ditadura e democracia que visitaram a cidade, que tem uma comunidade portuguesa e luso-descendente de 250 mil pessoas.
As visitas dos Presidentes da República Craveiro Lopes, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva estão documentadas em placas à entrada, bem como a do presidente do Conselho Marcelo Caetano, e dos primeiros-ministros Mário Soares, António Guterres, Durão Barroso e José Sócrates.
"Eles não vieram numa mera formalidade, para inaugurar uma lápide, não fosse, de repente faltar a lápide de algum deles. Estas lápides não são uma formalidade. São um testemunho de uma presença espiritual do Portugal que está lá, mas que e de todos, junto do Portugal que está cá. Cá vieram em várias décadas de várias orientações políticas, de vários partidos, de vários regimes. Não interessa, unia-os Portugal", disse, perante a comunidade.
O Presidente começou a falar logo a seguir à entoação do hino e depois de cumprimentar Fafá de Belém, a quem agradeceu a interpretação que foi "um retrato da fraternidade luso-brasileira", com "a doçura que só uma grande cantora brasileira, mas também portuguesa, no coração, pode ter".
De vestido comprido vermelho integral pautado apenas com um coração dourado de Viana do Castelo a cantora emocionou-se com o elogio: "Queria fazer do hino aquilo que eu vejo em Portugal, o país mais ousado do mundo", disse Fafá de Belém aos jornalistas.
"O português tem um jeito muito próprio, da conquista, de se jogar nas coisas, de ser às vezes um pouco bruto, ríspido, porque diz o que pensa", contou a cantora que diz encontrar-se "em cada curva do Minho" e "cada céu de Lisboa".
A visita do Presidente da República ao Brasil enquadra-se na realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde esteve na cerimónia de abertura, incluindo também passagens por São Paulo e pelo Recife, de onde parte na segunda-feira para Portugal.