É este domingo, 14 de agosto, que o Calçadão de Quarteira, em Loulé, recebe a Festa do Pontal. O evento marca a rentrée social-democrata mas é também um pequeno fotograma do momento que o partido vive.
A festa que ao longo das décadas teve os seus altos e baixos começou em 1976 e, embora ainda longe da dimensão dos dias de hoje, contou com Francisco Sá Carneiro, figura incontornável do partido.
Viviam-se os primeiros anos de liberdade após o fim da ditadura do Estado. Na memória estavam presentes as dúvidas que o país viveu no tempo do PREC. E os portugueses votavam em massa, vivendo o debate político como nunca o haviam podido fazer nas décadas de Salazar.
No Pinhal do Pontal, em Faro, o PSD fundava a sua forma de regressar das férias, debatendo as linhas gerais do que seria o debate político e social.
A festa foi ganhando as suas raízes na história do partido, apesar de ter mudado de ‘casa’, e com o cavaquismo a viver o seu apogeu a Festa do Pontal ganhou outra dimensão no seio do próprio partido e assumiu-se como um evento ímpar na história do PSD.
Com Cavaco Silva, a Festa do Pontal tornou-se um evento não só do PSD mas também da própria atualidade política. Era ali que, a ‘laranja’, se desenhava parte do debate político. Eram naqueles discursos que se começava a ouvir a voz do PSD nos debates e comícios que se seguiriam.
Em 1995, momento para um episódio curioso. O PS decide marcar evento semelhante, para o mesmo dia. Era então António Guterres o líder socialista. Cavaco Silva saía de cena e Guterres preparava-se para o confronto nas eleições contra Fernando Nogueira, que iria liderar os sociais-democratas nessa luta. O PS até viria a vencer as eleições mas a pequena provocação política (com festas tão próximas) ficou-se por aquela única vez.
Ao longo dos anos, os diferentes líderes foram olhando para o evento à sua própria maneira. Manuela Ferreira Leite, nesse aspeto, destacou-se pela ausência. A Festa de Pontal podia já ter a sua dimensão na história ‘laranja’, mas perdia atualidade. Passos Coelho, que assumiu a presidência do PSD em 2010, voltou a dar outro vigor ao evento (é ele na imagem acima, em 2012).
Em 2011 voltou lá, já como primeiro-ministro. Nos últimos anos foi lá que, por exemplo, lhe ouvimos críticas a decisões do Tribunal Constitucional e a esperança de que 2013 fosse ano de inversão na contração económica. Em 2015, chegou outra novidade.
No ano passado, a festa fez-se pela primeira vez com a companhia do então líder do CDS. Paulo Portas marcou presença na festa ‘laranja’ ao lado de Passos Coelho, numa altura em que o país já se preparava para as eleições legislativas.
O que se passou desde então, todos nos lembramos. A coligação PSD/CDS foi a que teve mais votos, mas não contou com apoio parlamentar. O PS de António Costa assumiu o poder, conseguindo contra muitas previsões iniciais o apoio parlamentar à Esquerda.
A Festa do Pontal regressa agora e Passos Coelho é mais uma vez o líder do maior partido da oposição. O cenário e o tempo são diferentes do que viveu em 2010, era na altura José Sócrates o primeiro-ministro.
Mais uma vez, a festa ‘laranja’ volta a ser a rentrée do partido. Mas, mais do que isso, é também importante para percebermos, não apenas o momento que o partido vive, mas o que tem a dizer ao país político.