A presidente do PSD Caminha, Liliana Silva, fez uma publicação no seu Facebook (ver na galeria acima) onde deixou críticas à forma como muitos elogiam Mário Soares.
"Desculpem lá, mas tudo o que é demais... é moléstia", começou por escrever a social-democrata, concretizando de seguida: "Ouvir um primeiro-ministro não eleito pelo povo (mas por uma concertação de Esquerda em secretaria) usar 10 minutos da palavra para adjetivar um homem com qualidades (...) é demais".
E continua: "Fazer dele [Mário Soares] quase um santo, quando o senhor em muitos momentos não teve respeito por milhares de portugueses, principalmente com os nossos retornados ('atirem-nos aos tubarões', como se lembram) já é demais".
"Preste-se a homenagem, dê-se as condolências aos familiares e amigos mas não queiramos fazer um reset na memória das pessoas", termina a social-democrata.
Ora, tal posição do PSD indignou o PS da região que apelida as declarações de Liliana Silva como uma "demonstração cabal de uma forma de estar na política que esquece o passado, desonra a atividade cívica e valoriza a mesquinhez".
"A Presidente do PSD de Caminha nasceu depois do 25 de abril, Mário Soares viveu mais tempo em ditadura do que em democracia", começa por argumentar o PS, num extenso comunicado que fez chegar às redações, sublinhando que Liliana Silva foi eleita vereadora "porque homens como Mário Soares combateram as trevas do fascismo e o terror da guerra".
"A presidente do PSD de Caminha pode não ter votado no político fixe que nunca se escondia, não pode é esquecer que Mário Soares foi, entre vários cargos, deputado, eurodeputado, ministro, primeiro-ministro e Presidente da República de Portugal, o primeiro Presidente da República de todos os portugueses", lê-se ainda na nota, onde são igualmente lembrados os feitos de Mário Soares, "um político solidário, carismático e brilhante".
Por tudo isso, o PS Caminha não poupa nas críticas à social-democrata, acusando-a de "ignorância e mesquinhez" por ter manifestado "moléstia" enquanto se prestavam as últimas homenagens a Mário Soares. "Às vezes precisamos de ser confrontados com declarações com estas para percebermos que a luta continua! Sempre continuará enquanto a liberdade estiver em causa! Em Caminha, em Portugal ou em qualquer canto do mundo", remata.