A líder do CDS anunciou esta terça-feira que o “primeiro ponto” do Conselho Nacional do partido, que se realiza no próximo fim de semana na Covilhã, versará sobre os incêndios em Portugal e será apresentada, neste sentido, uma moção de censura ao Governo.
Esta já não é a primeira vez que Assunção Cristas coloca a hipótese em cima da mesa, tendo já falado no assunto após os incêndios em Pedrógão Grande, que resultaram na morte de 64 pessoas. Os acontecimentos do domingo passado, que acrescentaram, pelo menos, mais 37 vítimas mortais a esta lista, tornaram a decisão incontornável para o CDS.
Depois da “tragédia de domingo”, que elevou “para 102 o número de perdas humanas”, e depois da divulgação de dois relatórios, Cristas sublinhou que “o Estado falhou na prevenção, no combate e no socorro às vítimas”.
O texto será entregue na próxima quarta-feira, "ou depois", precisou a líder centrista, que falava na sede do partido, em Lisboa, depois de uma reunião da Comissão Executiva dos democratas-cristãos.
Para a Assunção Cristas, o Governo não esteve à altura das responsabilidades e "não chega aprovar medidas para o médio e longo prazo". "O primeiro-ministro tem de mostrar que está à altura", disse, criticando a "total incapacidade de assumir responsabilidades, pedir desculpa, assumir indemnizações" da parte do Governo.
A presidente centrista declarou ainda que já informou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, sobre a intenção de o CDS-PP de apresentar a moção de censura ao Governo.
"Estamos a dar voz a muitas pessoas que por todo o país se indignam com um primeiro-ministro e um Governo que não estão à altura das suas responsabilidades. A posição do CDS é esta, é muito clara: quem partilhar connosco desta visão, certamente estará do nosso lado", sublinhou a líder do partido.
As centenas de incêndios que deflagraram, no domingo, no Norte e Centro de Portugal, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram pelo menos 37 mortos e 71 de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
[Notícia atualizada às 16h23]