Simões Ilharco assina um artigo de opinião no jornal do Partido Socialista (PS) onde critica o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. No artigo, apela-se ainda à união das Esquerdas para "impedir esta caminhada preocupante e perigosa".
Começando por se referir à moção de censura apresentada pelo CDS que considera não ter passado de um "tiro de pólvora" que acabou por se transformar numa moção de confiança ao Governo, Ilharco sublinha que "Cristas não vai andar na crista da onda" sendo até "provável afogar-se politicamente".
Simões Ilharco passou, de seguida, a criticar a actuação de Marcelo. "Foi, também a primeira vez, no Portugal de abril, que um Presidente da República reclamou, publicamente, a demissão de um ministro e a remodelação do Governo. Marcelo exorbitou, claramente, dos seus poderes constitucionais", afirma.
E faz um apelo: "A Esquerda deve estar unida e coesa, para impedir esta caminhada preocupante e perigosa, combatendo a tentação presidencialista de Marcelo, que ameaça a democracia". O socialista vai mais longe e diz mesmo que o presidencialismo, "é bom ter presente, descamba, por vezes, em ditadura".
Para Ilharco, a afirmação de Marcelo de que, devido à tragédia dos incêndios, se sente como tendo levado uma sova monumental é "corriqueira" e "revela demagogia e populismo". "Marcelo parece querer assumir-se como homem providencial, como salvador da Pátria, mas olhe que a Pátria está boa e recomenda-se!", avisa, julgando que os incêndios "não vão afetar eleitoralmente o PS".
As palavras de Simões Ilharco surgem numa altura em que as relações entre Belém e São Bento parecem estar mais crispadas. Marcelo já esta quinta-feira respondeu ao Governo, afirmando que "chocado ficou o país com a tragédia vivida", criticando o "diz que disse especulativo" de se saber quem ficou mais chocado. "Se A com o discurso de B, se B com o discurso de A".