"As conclusões dos relatórios, quer de Tancos quer sobre os incêndios, mostram que não há culpas, mas desculpas”. Esta é a opinião de Joaquim Jorge, defendida num texto enviado à redação do Notícias ao Minuto.
Na opinião do fundador do Clube dos Pensadores, sobre Tancos e o roubo de armas, “falharam as rondas, os meios, a videovigilância, a infraestrutura, as inspeções, entre outros aspetos. Mas não há culpados”. Provavelmente, equaciona o biólogo, “a culpa foi das armas que estavam em Tancos. Se não estivessem lá, não aconteceria este episódio. Digo eu!”.
Já quando é o tema dos incêndios que está em cima da mesa, as conclusões do relatório, “além de inúmeras deficiências”, apontam para o facto de serem as “condições meteorológicas as culpadas de tanta tragédia”. Neste caso, a então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, “saiu depois de muita pressão. Mas não acho que a ministra fosse a principal culpada”, defende.
Porém, adverte o comentador, “há algo que é secular em Portugal”, nomeadamente a dificuldade de relacionamento entre as vozes de comando que se julgam mais importantes umas do que outras: Proteção Civil, Bombeiros, entre outras”.
No entendimento de Joaquim Jorge, neste caso, a culpa foi, por um lado, “do tempo e de quem estava no terreno porque não se entendia” e, por outro, do “Governo, dada a escassez dos meios”.
Moral da história? “A culpa em Portugal morre solteira”. Isto é, “a culpa nunca encontra quem a queira, ou seja, quem a assuma. Nunca se encontra nem ninguém que aceite ser o culpado (ou seja, a culpa nunca se 'casa', ninguém quer 'casar' com ela, morre solteira)”.