A Google suspendeu 210 canais do plataforma de vídeo YouTube após detetar um "comportamento coordenado, ao difundir vídeos relacionados com os protestos em curso em Hong Kong".
A empresa não vinculou diretamente a campanha com o regime chinês, mas associou a sua decisão "recentes observações e ações anunciadas pelo Facebook e Twitter".
Esta semana, o Facebook e o Twitter suspenderam também várias contas originárias do continente chinês, que "deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes".
Ambas as empresas disseram que suspenderam as contas com base em "evidências confiáveis" de que se tratava de uma "operação coordenada pelo Estado" chinês.
A decisão levou a acusações de censura pelas autoridades chinesas.
O Twitter anunciou ainda que não aceitará mais "propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado", condenando comportamentos "manipuladores".
Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.
Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite diretrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo.
Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.
A antiga colónia britânica vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
Os órgãos de Pequim, incluindo a agência noticiosa Xinhua ou os jornais China Daily e Diário do Povo, têm coordenado uma campanha nas redes sociais visando caracterizar as manifestações em Hong Kong como tumultos violentos perpetuados por separatistas pagos por forças externas.
A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, provocar a polícia e a cercar esquadras.
Imagens de demonstrações pacificas, que têm reunido centenas de milhares de pessoas, de alegados abusos pelas autoridades, ou até as reivindicações dos protestos, são omitidas.