Um antigo executivo de topo da Google diz que foi afastado da tecnológica depois de promover o respeito pelos direitos humanos quando a empresa se preparava para implementar um motor de busca com censura na China.
Ross LaJeunesse diz que passou os últimos dois anos a pressionar os líderes da Google a adotar uma política de direitos humanos mais alargada. Porém, defende, os executivos da Google estavam decididos a viabilizar um motor de busca com censura, mesmo tendo mantido sempre a posição oficial de que era apenas um teste.
Em abril passado, após 11 anos na tecnológica, foi forçado a sair. Referindo que não foi despedido, LaJeunesse esclarece saiu voluntariamente depois da empresa ter eliminado o seu cargo numa reestruturação levada a cabo em fevereiro. Foi-lhe oferecido um novo cargo, mas optou por sair sem assinar um acordo de confidencialidade, para poder falar sobre a sua experiência.
O antigo executivo era responsável por relações internacionais, sendo uma das suas funções a vigilância em relação ao respeito por direitos humanos, num período de muita controvérsia por causa do projeto Drangonfly - um motor de busca com censura especialmente para a China, país onde a empresa tenta entrar há anos.
"Eu não mudei, quem mudou foi a Google", disse o executivo em entrevista ao Washington Post, esta quinta-feira. "Cada vez que eu recomendava um programa de direitos humanos, os executivos sénior arranjavam uma desculpa para dizer não", acrescentou.
LaJeunesse é agora candidato ao senado norte-americano pelo estado do Maine.