"Além de querermos responder às dúvidas mais comuns, também queríamos dar resposta às questões que não fazem manchete nos jornais, que são mais miudinhas do dia-a-dia e que não justificam notícia", afirmou hoje Ana Bárbara Matos, uma das fundadoras da 'Posso.pt'.
Em declarações à Lusa, Ana Bárbara Matos que, em conjunto com dois colegas de trabalho lançou, na semana passada, a plataforma, explicou que tudo surgiu devido à quantidade de "desinformação" disseminada, quase à semelhança do vírus, nas redes sociais e de amigos.
"Esta pandemia trouxe muita informação, que circula por toda a parte, mas acreditamos que também trouxe muita desinformação e nós sentimos isso à nossa volta, nos grupos de 'Whatsapp' e em conversa com familiares e amigos", contou a especialista em 'marketing'.
Por essa razão, o grupo de amigos decidiu "pôr mãos à obra" e, em pouco mais de uma semana, criar a plataforma que, assente na pandemia da covid-19, mas "sem ter o nome dela", pretende esclarecer as dúvidas da população "sem formalismos".
Subdivida em seis categorias - quarentena, cuidados de saúde, direitos do trabalhar, acesso a apoios sociais, escola, deslocações -- a plataforma baseia-se em informação oficial, como decretos, comunicados e outros dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), Direção-Geral da Saúde (DGS) ou meios de comunicação social.
"Nós não somos especialistas em saúde ou direito do trabalho, o que fazemos é recorrer às fontes oficiais e fidedignas. O nosso trabalho não é mais do que ler, interpretar e dar respostas a essas questões com rigor. No fundo, desconstruir a informação que existe e torná-la mais simples e acessível", explicou Ana Bárbara Matos.
Desde então, a plataforma já recebeu várias dúvidas "muito práticas do dia-a-dia", entre elas, se é possível sacudir tapetes, como tratar do lixo, se é possível visitar familiares ou que apoios existem para trabalhadores a recibos verdes.
No entanto, a que "saltou de imediato à vista" do grupo de jovens e se "repetiu" em alguns casos foi sobre relações sexuais.
"Rapidamente percebemos o porquê, quando fomos à procura de respostas para a questão, não encontramos nem em meios de comunicação, nem em páginas oficiais. Apenas um pequeno excerto da OMS (Organização Mundial de Saúde) e um guia do departamento de saúde de Nova Iorque (Estados Unidos da América) que fazia referência ao tema", explicou Ana Bárbara Matos.
À Lusa, a responsável adiantou que, apesar do trabalho desenvolvido na plataforma ser "uma mais-valia" neste momento, será ainda "mais importante" no regresso à vida normal.
"Quando voltarmos gradualmente à vida normal, não vamos ter a nossa liberdade e direitos de um dia para o outro, por isso, o trabalho de acompanhar o regresso à vida normal vai ser ainda mais importante", concluiu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).