"Esta decisão dececionante é uma má notícia para qualquer pessoa no Reino Unido com um telemóvel", apontou o porta-voz da empresa em Inglaterra, Edward Brewster, em comunicado.
Brewster considerou que a decisão do Governo britânico "ameaça colocar o país na pista lenta digital, aumentar os custos e aprofundar o fosso digital".
"Em vez de subir de nível, o Governo está a descer de nível e pedimos que reconsidere", apelou.
A empresa lamentou que o seu futuro no Reino Unido esteja a ser "politizado" e considerou que a decisão de Londres obedece à política comercial dos Estados Unidos e não a questões de segurança.
"Nos últimos 20 anos, a Huawei concentrou-se na construção de um Reino Unido mais bem conectado. Como empresa responsável, continuaremos a apoiar nossos clientes como sempre fizemos", assegurou.
As operadoras de telemóvel britânicas vão ter de remover todo o equipamento da empresa chinesa usado na infraestrutura de telecomunicações 5G até ao final de 2027.
A decisão foi tomada hoje numa reunião do Conselho de Segurança Nacional presidida pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, como resposta a sanções impostas pelos Estados Unidos à Huawei em maio.
A partir de 01 de janeiro de 2021 passa a ser proibida a compra de qualquer novo equipamento 5G da Huawei e o existente nas redes de telemóvel britânicas terá de ser completamente removido até o final de 2027, anunciou o ministro da Cultura, Oliver Dowden.
Duas agências de informações e segurança, o Centro Nacional de Segurança Cibernética e o Centro de Comunicações do Governo (GCHQ), produziram uma "análise detalhada dos riscos para a rede 5G".
"Não foi uma decisão fácil, mas é a decisão acertada para as redes de telecomunicações britânicas, para a nossa segurança nacional e para a nossa economia, agora e a longo prazo", disse Dowden no parlamento.
As sanções dos EUA também afetam os produtos Huawei usados nas redes de banda larga de fibra ótica do Reino Unido, pelo que as operadoras deste setor também vão ter de deixar de usar a empresa chinesa como fornecedora.
Em janeiro, o governo britânico tinha decidido autorizar o uso limitado de equipamento da Huawei com a condição de não estar presente em partes cruciais da rede.
Na altura, sem nomear a empresa, mas referindo-se a "fornecedores de alto risco", argumentou que aquela decisão permitia "mitigar o risco potencial representado pela cadeia de fornecimento e combater o leque de ameaças, sejam criminosos cibernéticos ou ataques patrocinados por países".
O primeiro-ministro tem estado sob pressão de dezenas de deputados do partido Conservador, que ameaçavam votar contra o governo no parlamento em questões relacionadas.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros William Hague escreve hoje no Daily Telegraph que "a opinião mudou tão significativamente contra a tecnologia chinesa que o governo poderia não ganhar um voto da Câmara dos Comuns nesta questão sem uma grande concessão".
A Huawei opera no Reino Unido há mais de 20 anos e esteve envolvida no desenvolvimento das redes 2G, 3G e 4G, sendo o equipamento considerado mais barato e avançado do que o dos concorrentes, mas os EUA alegam que a empresa representa uma ameaça devido à sua alegada proximidade ao regime chinês.