China lançou com sucesso a sua primeira missão a Marte

A Tianwen-1 demorará sete meses a chegar ao ‘Planeta Vermelho’.

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Miguel Patinha Dias com Lusa
23/07/2020 08:32 ‧ 23/07/2020 por Miguel Patinha Dias com Lusa

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A China conseguiu lançar com sucesso a sua primeira missão interplanetária com o objetivo de chegar a Marte. O foguetão Long March 5 foi lançado esta quinta-feira, dia 23, a partir de Wenchang.

A bordo do foguetão seguem uma sonda e um rover que recolherão dados sobre o ‘Planeta Vermelho’ que ajude os investigadores a terem uma maior compreensão deste planeta. A missão tem agora sete meses de viagem pela frente e que a Tianwen-1 terá um dos seus momentos mais desafiantes com a entrada na atmosfera de Marte.

Esta não é a primeira vez que a China tenta ir a Marte. Em 2011, um sonda orbital chinesa que acompanhava uma missão russa, perdeu-se quando a sonda não conseguiu sair da órbita da Terra, após o lançamento a partir do Cazaquistão, acabando por arder na atmosfera.

Desta vez, a China avançou sozinha e lançou na mesma missão uma sonda orbital e uma de exploração do terreno, em vez de realizar dois lançamentos.

O programa espacial da China desenvolveu-se rapidamente nas últimas décadas. Yang Liwei tornou-se, em 2003, o primeiro astronauta chinês e, no ano passado, Chang'e-4 tornou-se a primeira nave a pousar no lado da lua não visível a partir da terra.

Explorar Marte daria à China "muito prestígio", defendeu Dean Cheng, especialista no programa espacial chinês, da Heritage Foundation, em Washington.

Aterrar em Marte é particularmente difícil. Apenas os EUA pousaram com sucesso uma nave em solo marciano, num feito alcançado por oito vezes, desde 1976. Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA continuam a operar até hoje.

Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da órbita do planeta: três norte-americanas, duas europeias e uma da Índia.

A China controla com rigor as informações sobre o seu programa. Preocupações com a segurança nacional levaram os EUA a restringir a cooperação entre a NASA e o programa espacial da China.

Num artigo publicado no início deste mês na revista Nature Astronomy, o engenheiro-chefe da missão, Wan Weixing, disse que o Tianwen-1 entraria em órbita em torno de Marte em fevereiro do próximo ano e que procuraria um local de pouso na Utopia Planitia - uma planície onde a NASA detetou possíveis evidências de gelo subterrâneo.

Wan morreu, em maio passado, de cancro.

Segundo o artigo, o pouso seria tentado em abril ou maio. Se tudo correr bem, a sonda, movida a energia solar, e do tamanho de um carrinho de golfe de 240 quilogramas, vai operar durante cerca de três meses.

Embora pequeno em comparação com a sonda norte-americana, que pesa 1.025 quilogramas, tem quase o dobro do tamanho dos dois veículos que a China enviou à Lua, em 2013 e 2019.

Os três países escolheram esta altura para lançar as respetivas sondas porque é o período em que Terra e Marte estão mais próximos, situação que se repete a cada 26 meses.

"Em nenhum outro momento da nossa História, vimos algo parecido com o que está a acontecer com estas três missões a Marte. Cada uma delas é uma maravilha da ciência e da engenharia", disse o diretor-executivo da Space Foundation, Thomas Zelibor.

O caminho da China para Marte deparou-se com alguns entraves: o lançamento do foguete Longa Marcha 5, marcado para o início deste ano, acabou por falhar.

A pandemia do novo coronavírus forçou também os cientistas a trabalharem a partir de casa.

Enquanto a China se está a juntar aos EUA, Rússia e Europa na criação de um sistema de navegação global por satélite, especialistas dizem que o país não está a tentar superar a liderança dos EUA na exploração espacial.

Cheng, da Heritage Foundation, disse que a China está antes numa "corrida lenta" com o Japão e a Índia para se estabelecer como potência espacial da Ásia.

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