Facebook encerra contas de personalidades ligadas ao poder no Uganda
O Facebook encerrou nos últimos dias as contas de vários responsáveis do Governo do Uganda, que acusa de interferirem negativamente no debate público antes das eleições presidenciais de quinta-feira, indicou hoje a rede social.
© Reuters
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O Uganda realiza eleições presidenciais na próxima quinta-feira e o clima de segurança no país é tenso. O atual Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, com 76 anos, dos quais 35 à frente do país, enfrenta como principal opositor, Robert Kyagulanyi Ssentamu, um cantor popular com 38 anos, conhecido pelo seu nome artístico, Bobi Wine, deputado desde 2017 e candidato à presidência ugandesa pela Plataforma de Unidade Nacional, da oposição.
"Este mês (Janeiro), fechámos uma rede de contas e de páginas no Uganda que estavam envolvidas em "comportamento inautêntico coordenado" com o objetivo de influenciar o debate público no período antes das eleições", disse à agência France-Presse, Kezzia Anim-Addo, gestora de comunicações do Facebook para a África subsariana.
"Utilizavam contas falsas ou duplicadas para gerir páginas, comentando o conteúdo de outras pessoas, fingindo ser utilizadores, partilhando conteúdos em grupos para os fazer parecer mais populares do que eram", disse a mesma responsável.
"Em face à iminência das eleições no Uganda, avançámos rapidamente com uma investigação e anulámos a rede. Descobrimos que a rede estava ligada ao Grupo de Interação de Cidadãos com o Ministério da Informação (...) no Uganda", acrescentou a responsável do Facebook.
O conselheiro para a comunicação de Yoweri Museveni, Don Wanyama, uma das personalidades cujas contas no Facebook e no Instagram foram encerradas, acusou o gigante norte-americano de querer influenciar as eleições presidenciais.
"Deviam ter vergonha as forças estrangeiras que pensam poder instalar um regime fantoche no Uganda, desativando as contas online dos apoiantes do NRM [Movimento de Resistência Nacional, na sigla em inglês]", reagiu o partido histórico no poder. "Não se vão livrar do Presidente Museveni".
Segundo NRM, sofreram o mesmo procedimento várias dezenas de contas, pertencentes a várias personalidades, tais como um alto funcionário do Ministério da Informação e das Comunicações, um utilizador proeminente da Internet próximo do NRM ou um médico conhecido.
As contas do Presidente Museveni não foram afetadas pela intervenção do Facebook.
Museveni e a sua equipa de campanha têm acusado repetidamente "forças estrangeiras" - sem especificarem quais - de apoiarem a campanha de Bobi Wine.
De acordo com a gestora de comunicações do Facebook para a África subsariana, o gigante norte-americano "anulou mais de 100 destas redes em todo o mundo" desde 2017.
Em dezembro, o Facebook anunciou que tinha encerrado três redes geridas na Rússia e em França, entre as quais uma ligada ao Exército francês, que acusou de conduzir operações de interferência em África. A rede instalada em França visava principalmente a República Centro-Africana e o Mali.
Em outubro, o Facebook fechou a página de um partido na Nova Zelândia, que acusou de espalhar desinformação sobre a pandemia do novo coronavírus, dois dias antes das eleições naquele país.
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