Nick Clegg tem moldado a gestão do Facebook relativamente a Donald Trump e à sua suspensão na plataforma. Todas as decisões tomadas têm passado pelo antigo vice-primeiro-ministro do governo de David Cameron, que ocupa o cargo de diretor das relações globais, como refere o The New York Times.
Quando em janeiro, na manhã depois do ataque ao Capitólio, Mark Zuckerberg defendeu a decisão do Facebook de suspender a conta de Trump, fê-lo através de uma publicação cujo primeiro rascunho foi escrito na noite anterior por Clegg.
Mais de uma semana depois, Clegg instou Zuckerberg a permitir que um painel semi-independente avaliasse se Trump deveria voltar a fazer publicações no Facebook. A possibilidade de atribuir o controlo de uma das decisões de liberdade de expressão mais importantes da era da internet foi considerado um conselho arriscado, especulando-se na altura se Zuckerberg concordaria. Algo que acabou por acontecer.
Esta quarta-feira, esse painel, o conselho de supervisão, decidiu manter a suspensão de Trump no Facebook, com Nick Clegg a desempenhar nos bastidores um dos principais papéis, senão o principal, relativamente ao dossier Trump. Foi Clegg quem acompanhou o processo de criação deste conselho e foi ele quem escolheu os seus membros.
O antigo vice de um governo britânico e visto outrora como uma das figuras em maior ascensão na política do Reino Unido juntou-se ao Facebook em 2018, um ano depois de se ter demitido dos Liberais Democratas depois de uma coligação com o Partido Conservador que nunca agradou aos apoiantes do seu partido.
O Facebook contratou Clegg para este reparar a relação da empresa com reguladores, líderes políticos e os media após o escândalo da Cambridge Analytica.
O veterano da política britânica conquistou a confiança de Mark Zuckerberg, e desde que chegou à empresa o Facebook mudou o rumo de algumas das suas posições. A empresa parece aceitar melhor a regulação e impostos mais altos, e Clegg conseguiu superar a relutância de Zuckerberg e de outros para banir os anúncios políticos semanas antes das eleições norte-americanos, no ano passado.
No entanto, os críticos argumentam que o papel de Nick Clegg na rede social não passa de uma tentativa do Facebook de usar uma figura política respeitada a nível mundial para limpar a sua imagem.
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